Sex, 05 de Dezembro

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BRASIL

Para governo, condição para telefonema entre Lula e Trump é tratar apenas de comércio, sem Bolsonaro

Brasília aguarda sinais de Washington de que a conversa entre Lula e Trump deve acontecer

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Lula, presidente do BrasilDonald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Lula, presidente do Brasil - Foto: Evaristo Sá e Brendan Smialowski/AFP

Uma conversa telefônica entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump poderia ser o impulso para uma negociação entre Brasil e Estados Unidos em torno da sobretaxa de 50%, que incidirá em cerca de 60% das exportações brasileiras a partir desta quarta-feira. Contudo, segundo interlocutores do governo Lula, é preciso saber se a Casa Branca quer, realmente, esse telefonema, e está disposta a restringir o diálogo ao comércio.

Na última sexta-feira, Trump afirmou que Lula pode falar com ele "quando quiser". O presidente brasileiro respondeu que está aberto ao diálogo. Diplomatas consideraram a atitude do líder americano como "um gesto", mas que deve ser visto com cautela.

Pessoas que acompanham diretamente o impasse afirmam que, havendo um movimento de Washington para que os dois líderes se falem pela primeira vez, é preciso saber se Trump está disposto a restringir a conversa ao comércio bilateral, sem usar a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro como pressão. A partir de então, haveria uma preparação prévia, nos bastidores, sobre temas a serem tratados, quem ligaria para quem e quando isso vai acontecer.

 

A avaliação em Brasília é que se algo der errado na chamada telefônica entre Lula e Trump, será pior para os interesses do Brasil. Por isso, não se deve assumir riscos e dar uma satisfação para a opinião pública. A grande preocupação do governo brasileiro, neste momento, é com os setores econômicos afetados pelo tarifaço.

Desde o dia 9 de julho, quando Trump divulgou uma carta anunciando a sobretaxa de 50% e afirmando que Bolsonaro está sendo perseguido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a crise, que era comercial, ganhou um tom político. Por essa razão, a constatação é que tudo está nas mãos da Casa Branca.

Integrantes do governo Lula lembram que o encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, na quinta-feira passada, era desejado há meses pelo lado brasileiro. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, tem conversado com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, planeja uma conversa com o secretário do Tesouro, Scott Bessent.

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