Partidos da base de Lula dão 62% dos votos para trancar ação de Ramagem na trama golpista
Suspensão foi aprovada pela Câmara dos Deputados com 315 votos favoráveis; entre eles, 198 de parlamentares de siglas com cargos no governo
A Câmara dos Deputados aprovou, nessa quarta-feira (7), a suspensão da ação penal que corre contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) no Supremo Tribunal Federal (STF). O projeto recebeu o aval de deputados que integram partidos com cargos nos primeiros escalões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — União Brasil, PP, PSD, MDB, Republicanos, PDT e PSB.
O endosso desses parlamentares corresponde a 62,8% dos votos favoráveis, o equivalente a 198 entre os 315 endossos. Ramagem responde a uma ação pela trama golpista do 8 de janeiro. Neste mesmo processo, também responde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O parecer favorável ao trancamento da ação foi apresentado pelo deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que defendeu a anulação completa do processo — o que, além de beneficiar Ramagem, poderia atingir diretamente Bolsonaro. A Constituição, contudo, prevê a suspensão apenas para parlamentares e o STF já se posicionou pela inconstitucionalidade de incluir outros réus sem mandato.
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O governo tem defendido que os envolvidos no 8 de janeiro sejam investigados e punidos, caso seja comprovado a conexão com os atos. Neste contexto, a votação de ontem representa uma derrota para a gestão, ainda mais com o endosso de 198 parlamentares de partidos na Esplanada dos Ministérios.
As maiores "traições" ocorreram em siglas ligadas ao chamado "centrão", como União Brasil (50), PP (43), Republicanos (40), MDB (32) e PSD (28). Esses quadros rotineiramente votam contra a gestão e, nesta semana, deram assinaturas a favor da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que quer investigar as fraudes no INSS, colegiado que pode fragilizar o governo.
Na ala mais à esquerda do governo, também houve rejeição. No PDT, dois deputados foram a favor, e no PSB do vice-governador Geraldo Alckmin, três. No caso dos pedetistas, desde a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social, há um discurso de rompimento. No entanto, a pasta segue com nomeação do partido, com Wolney Queiroz.
As federações PT-PV-PCdoB e PSOL-Rede não deram votos favoráveis e fizeram declarações contrárias ao trancamento do processo. Como noticiou o GLOBO, a bancada do PSOL se posicionou duramente contra o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), por ter agilizado a tramitação. Os psolistas também afirmaram que irão acionar o STF contra a votação.

