Presidente em exercício da Alerj, Delaroli exonera braços-direitos de Bacellar após nova operação
PF prendeu desembargador Macário Júdice, suspeito de vazar informações sobre operação contra TH Jóias ao presidente afastado
O presidente em exercício da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Guilherme Delaroli (PL) exonerou nesta terça-feira quatro homens de confiança do presidente afastado Rodrigo Bacellar (União).
A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial após nova operação contra Bacellar e que prendeu o desembargador Macário Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal (TRF) 2. Os dois são suspeitos de vazar informações sigilosas.
Um dos exonerados, Rui Carvalho Bulhões Júnior é braço-direito e esquerdo de Bacellar na Alerj. Ele é chefe de gabinete do presidente afastado e um dos principais articuladores com deputados na casa. Bulhões é sócio de Bacellar em uma empresa de eventos e, segundo a TV Globo, foi um dos alvos da operação desta terça-feira da Polícia Federal.
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Também foram exonerados o diretor-Geral da Assembleia Marcos de Brito, um dos primeiros nomeados por Bacellar quando ele foi eleito para o comando da Casa. O procurador da Alerj Robson Maciel, outro assessor de extrema confiança do presidente afastado, também foi exonerado por Delaroli. O 1º vice-presidente também demitiu Marcio Bruno Carvalho, assessor especial do plenário.
A operação
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira a 2ª fase da Operação Unha e Carne, que apura o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun para integrantes do Comando Vermelho. Um dos principais alvos desta etapa é o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente afastado da Alerj, que voltou a ser alvo de buscas. Mandados também foram cumpridos no Espírito Santo.
Além das buscas contra Bacellar, a PF prendeu o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Esta é a segunda vez que Bacellar é atingido pela operação. Ele havia sido preso na fase inicial e solto na semana passada pelo plenário da Alerj, mas permanece sujeito a medidas cautelares impostas por Moraes: está afastado da presidência da Assembleia, usa tornozeleira eletrônica, deve se recolher à noite e permanecer em casa nos fins de semana e feriados.
Quem é o desembargador?
O desembargador Macário Júdice Neto é o relator do processo envolvendo Thiego Raimundo dos Santos, o TH Joias, ex-deputado estadual preso por ligação direta com o Comando Vermelho. Segundo a investigação, o magistrado teria atuado para beneficiar o grupo criminoso ao repassar dados sigilosos de procedimentos em andamento.
Ele voltou ao TRF-2 em 2023 após 17 anos afastado da magistratura. Seu primeiro afastamento ocorreu em 2005, em uma ação penal que investigava suposta venda de sentenças em conexão com a máfia dos caça-níqueis no Espírito Santo. Ele foi absolvido em 2015, mas seguiu fora do cargo devido a um processo administrativo disciplinar (PAD) que tratava do mesmo assunto.
Em 2022, o Conselho Nacional de Justiça julgou que o PAD havia extrapolado o tempo máximo para conclusão e determinou seu retorno. Mesmo assim, outro afastamento por improbidade permanecia vigente, até ser superado.
Em maio de 2023, com base na lista de antiguidade, o presidente do TRF-2 encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a indicação de Macário para assumir como desembargador federal. Ele tomou posse em cerimônia no gabinete da Presidência do tribunal.
Em nota, a defesa do desembargador afirmou que o ministro Alexandre de Moraes "foi induzido ao erro" ao determinar a prisão de Macário Júdice:
"Sua Excelência o Ministro Alexandre de Moraes foi induzido a erro ao determinar a medida extrema. Ressalta, ainda, que não foi disponibilizada cópia da decisão que decretou sua prisão, obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. A defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá a sua imediata soltura", diz a nota, assinada pelo advogado Fernando Augusto Fernandes.

