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Legislação

Tarcísio: deputados fizeram 'o que era possível politicamente' com dosimetria

Governador de São Paulo articulou anistia no Congresso para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem foi ministro

O governador de São Paulo, Tarcísio de FreitasO governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta quinta-feira, 11, que a aprovação da dosimetria das penas aos condenados por golpe de estado, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, era o "possível politicamente" e defendeu o avanço da pauta no Senado.

— É o possível no momento. Eu entendo que a gente precisa buscar um caminho de pacificação, de restabelecimento da Justiça. Temos que dar os passos possíveis, e o que era possível politicamente era isso. Então, vamos avançar com esses passos e pensar depois nos próximos — afirmou o governador, após evento de entrega de moradias populares em Carapicuíba, na região metropolitana.

A revisão das penas foi aprovada na Câmara dos Deputados na madrugada de terça-feira, 9, e veio na esteira do lançamento da candidatura a presidente do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a pedido do pai, Jair. Apesar de aliviar o tempo a ser cumprido pelo ex-presidente em regime fechado, com previsão de deixar a cela em 2029, a pauta não é a ideal para os bolsonaristas, que tentam uma anistia total.

O próprio Tarcísio articulou publicamente por uma anistia, em Brasília, este ano. Nos bastidores, contudo, interlocutores dizem que há pragmatismo, inclusive por parte do aliado e ex-ministro. Além da dificuldade em aprovar o perdão, existe o receio de comprar uma briga com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que já sinalizaram pela inconstitucionalidade desse modelo.

Governador admite 'epidemia' de feminicídios

Tarcísio também comentou, nesta quinta, sobre a alta no número de casos de feminício no estado. Segundo ele, existe uma "epidemia" atualmente de casos de violência contra a mulher e que esse é um dos motivos para ter escolhido uma delegada, Adriana Liporoni, para chefiar a Secretaria de Políticas para a Mulher no lugar da deputada estadual Valéria Bolsonaro (PL). A pasta, como mostrou o GLOBO, tem previsão de orçamento modesto para o próximo ano, assim como nos anteriores.

— É o caso que a gente tem mais dificuldade em combater. Tivemos redução nos homicídios, latrocínios, roubos de carga e de veículos. Mas esses crimes são de natureza muito passional, que são cometidos por pessoas próximas. Muitas vezes, ainda há um certo constrangimento da mulher em procurar ajuda. A gente precisa criar os canais seguros para que as mulheres possam comunicar — declarou Tarcísio.

Ele justificou o menor orçamento entre todas as secretarias destinado à pasta da mulher porque ela atuaria de "maneira transversal", com apoio de outras secretarias, a exemplo da Segurança Pública. Desse modo, teria sido possível aumentar a quantidade de delegacias especializadas e criar um aplicativo para as vítimas registrarem boletim de ocorrência de maneira mais célere.

— Eu espero que a gente possa aumentar a nossa eficiência no combate a esse tipo de crime. A escolha de uma delegada na secretaria foi justamente para dar um enfoque naquilo que é principal. Claro, a saúde da mulher é importante, a emancipação é importante, mas nós temos hoje um grande problema, uma grande epidemia, que é a violência contra a mulher. Então nós temos que combater essa chaga, esse mal, e nós vamos usar toda a energia necessária para isso.

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