Trump "não tem medo de usar o poder econômico e militar", diz EUA sobre julgamento de Bolsonaro
Karoline Leavitt afirmou, no entanto, que os EUA não consideram atualmente novas medidas tarifárias ao Brasil
O presidente americano Donald Trump "não tem medo de usar o poder econômico e militar para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo", afirmou Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca em coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça-feira.
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A declaração ocorreu após uma pergunta de um jornalista brasileiro especificamente sobre o julgamento em curso contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF).
— Não tenho hoje nenhuma ação adicional (sanções ou elevação de tarifas) para antecipar a vocês, mas posso afirmar que essa é uma prioridade para o governo (assegurar a liberdade de expressão), e o presidente (Trump) não tem medo de usar o poder econômico e militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo — afirmou Karoline.
Durante a coletiva, Leavitt ressaltou que Trump não considera novas medidas tarifárias ao Brasil. Segundo a representante da Casa Branca, novas sanções não estão sendo estudadas.
— A liberdade de expressão é, possivelmente, a questão mais importante do nosso tempo. Ele (Trump) leva esse tema muito a sério, razão pela qual adotamos ações significativas em relação ao Brasil, tanto na forma de sanções quanto no uso de tarifas, para garantir que cidadãos ao redor do mundo não sejam tratados dessa maneira. Ao mesmo tempo, enquanto o presidente utiliza o peso dos Estados Unidos para proteger nossos interesses no exterior, ele também assegura que a liberdade de expressão permaneça aqui nos Estados Unidos da América — disse Karoline a um repórter, que questionou se os EUA estariam analisando novas sanções ou aumentos em tarifas diante do julgamento de Bolsonaro.
Julgamento de Bolsonaro
A segunda semana do julgamento de Jair Bolsonaro no STF começou nesta terça-feira. O ex-presidente e sete réus são analisados por tentativa de golpe de Estado, com efeitos diretos na campanha presidencial de 2026.
Além do ex-mandatário, são réus os ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira; o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o tenente-coronel Mauro Cid. Os membros do chamado “núcleo crucial” da trama golpista negam as acusações.
O ponto central a ser debatido pela Primeira Turma do STF é o plano golpista. De acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR), foi arquitetado um complô para reverter o resultado da eleição, contrariando a Constituição, para manter Bolsonaro no poder.
A investida só não teria ido adiante, mesmo com apoio de alguns militares, porque os então comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Baptista Júnior, rejeitaram colocar as tropas à disposição do ex-presidente.
O processo também representa um marco para a caserna, porque pode levar pela primeira vez à prisão de integrantes das Forças Armadas por atentado à democracia.
A ofensiva golpista que culminou nos atos de 8 de janeiro se tornou tema frequente no embate entre governo e oposição — e deve se intensificar nos próximos dias.
Nos discursos do presidente Lula, que tem feito críticas ao seu antecessor e vem insistindo em colocar no ringue eleitoral o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aposta do Centrão para concorrer ao Palácio do Planalto em 2026.
Em reunião ministerial na última terça-feira, Lula apontou Tarcísio como rival e, na sexta, fez uma provocação ao dizer que ele “não é nada” sem Bolsonaro. O governador do estado paulista, por sua vez, retrucou afirmando que não “perdia um minuto” pensando na declaração.

