Sabores
Ervas e temperos: ingredientes na panela e para a saúde
Quem nunca recorreu a um chá de ervas para restabelecer a digestão ou aplacar inflamações?
As propriedades terapêuticas de alguns ingredientes tornam qualquer receita ainda mais poderosa. Mas utilizar esses insumos especiais requer cuidado e atenção por conta dos possíveis efeitos tóxicos
Num ambiente tão experimental como a cozinha, ir além da tríade formada por alho, cebola e sal é enriquecer o preparo à moda do cozinheiro. É quando ervas e especiarias entram na panela com a possibilidade de ser bem mais que um ingrediente capaz de dar aroma e sabor. Em meio à comida, ou mesmo isolada na forma de chá, esses ingredientes da chamada medicina caseira oferecem princípio ativo que requer conhecimento e, em certos casos, moderação a cada pitada.
Para se ter uma ideia de tamanha complexidade para pouca informação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu em todo o território nacional, há uma semana, fabricação, comercialização e importação de noz da índia e chapéu de napoleão. Ambas eram consumidas com o objetivo de emagrecer graças às suas propriedades laxativas, porém tóxicas ao corpo humano, não sendo recomendadas para cardíacos e portadores de problemas urológicos ou gastrointestinais. Não bastasse tamanha restrição, três casos de óbito recentes no Brasil podem estar relacionados ao consumo indevido dessas sementes já proibidas em alguns países.
Segundo o especialista em química dos produtos naturais e fitoterapia e professor do grupo Ser Educacional, Aldo Passilongo, antes de tudo é preciso identificar quando o consumo é essencialmente farmacológico ou gastronômico. “A proibição de alguns medicamentos sintéticos fez a população aumentar a procura por ervas com propriedades especiais, por conta da facilidade de encontrá-las. Eis o risco, porque muita gente não sabe a faixa certa de concentração para consumi-las de maneira medicinal. Para ajudar, há uma lista divulgada pela própria Anvisa que aponta exatamente quais são proibidas e permitidas pelo uso terapêutico”, revela. Se aproveitadas da maneira correta, elas se tornam, sem restrições, suplementos alimentares perfeitos para o dia a dia.
Os tais sabores herbáceos podem melhorar o apetite, ajudar na digestão ou em infecções respiratórias e até amenizar a insônia. Benefícios que oriental nenhum abre mão desde 2.800 a.C, quando um imperador chinês com o hábito de tomar água quente embaixo de uma árvore, via algumas folhas caírem no recipiente e, após a ingestão daquele líquido, sentir algumas modificações no organismo. Para os nutricionistas, hoje o desafio fica por conta da quantidade usufruída com a adição de outros elementos, como a simples colherada de açúcar em um chá. “Nesse uso popular, ele não chegaria a ter uma ação medicinal, pois precisaria seguir uma recomendação em termos de dosagem e frequência no combate de uma patologia específica. Mas seus benefícios não deixam de ser anulados”, completa Passilongo.
Um exemplo assertivo é o uso do manjericão, aquela folhinha verde colocada no preparo de macarronadas para dar frescor à comida, sendo um estimulante diurético, que também atua no fígado como uma espécie de limpeza ideal ao organismo. Outro imbatível é o tomilho e sua estrutura firme e seca, que sempre entra na panela na hora do cozimento, com suas propriedades antissépticas capazes de combater infecções.
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Segundo a designer floral e estudiosa em botânica, Ana Patrícia de Paula, o interesse das pessoas ainda é por ervas conhecidas pelo senso comum ou simplesmente culinário.
Cebolinha, manjericão e alecrim despontam entre os mais procurados por quem quer fazer um cultivo em casa e usufruir dos benefícios. “Mas vender sálvia e manjerona, por exemplo, é sempre mais difícil”, diz ela, ao citar ervas de poder antioxidante, responsáveis por proteger as células do corpo. “É hora, então, de dar dicas de uso, como utilizar a sálvia na manteiga durante uma etapa básica. O gosto fica bem especial”, garante Ana Patrícia.
Cebolinha, manjericão e alecrim despontam entre os mais procurados por quem quer fazer um cultivo em casa e usufruir dos benefícios. “Mas vender sálvia e manjerona, por exemplo, é sempre mais difícil”, diz ela, ao citar ervas de poder antioxidante, responsáveis por proteger as células do corpo. “É hora, então, de dar dicas de uso, como utilizar a sálvia na manteiga durante uma etapa básica. O gosto fica bem especial”, garante Ana Patrícia.
Entre tantas possibilidades naturais, daquelas facilmente encontradas no mercado, há um grupo de alimentos chamado de especiarias. Tem gente que não vive sem um vidrinho delas em casa, incluindo canela, cravo, noz-moscada, cardamomo e outros usados na forma de tempero. Geralmente são sementes ou partes mais secas de uma planta que, ao longo dos anos, a partir da sua compra no Oriente pelos europeus, foram sendo utilizadas também como cosméticos ou medicamentos poderosíssimos. As duas mais conhecidas nessa família são grandes estimulantes da circulação sanguínea e até mesmo da digestão. O cravo e a canela, dupla tão versátil na cozinha, têm poderes tão fortes que a utilização é sempre cuidadosa para não tomar conta do sabor como um todo.
Quem não abre mão de um bom toque de erva ou especiaria no prato é o chef Thiago das Chagas, do Reteteu Comida Honesta. Uma das opções mais procuradas no cardápio é o caril de frango preparado com um tipo de curry produzido no próprio restaurante. “O sabor é bem acentuado e é exatamente por isso que as pessoas gostam tanto”, defende ele, que participa de um grupo de estudos no Recife para discutir e utilizar as pancs - plantas alimentícias não convencionais. “No nosso último encontro, o cardápio teve sopa de hibisco, sorvete de poejo, uma espécie de erva mentolada boa para a garganta, e a flor do sabugueiro caramelizada para formar um bolinho de castanha de caju”, lembra ele.
Serviço >
Ana Patrícia de Paula
Informações: 99152.1237
Reteteu Comida Honesta
Informações: 3204-4137

