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Raquel Lyra gera novo mal-estar na Alepe

Governadora interferiu de novo em assuntos internos da Casa para ter aliados nas comissões temáticas

Deputados entraram em consenso em defesa da autonomia da AlepeDeputados entraram em consenso em defesa da autonomia da Alepe - Foto: Divulgação

Depois de intervir e conseguir aliados ocupando a presidência das três principais comissões na Assembleia Legislativa de Pernambuco - Constituição e Justiça; Finanças, Orçamento e Tributação; e Administração Pública, a governadora Raquel Lyra (PSDB) não sossegou. Interferiu outra vez para conquistar os colegiados temáticos da Alepe, cuja votação estava marcada para acontecer na manhã de segunda-feira (13). Houve definição apenas de dois. Os outros precisaram ser cancelados devido à ausência de titulares, todos ligados ao Palácio do Campo das Princesas.

À tarde, graças a um consenso entre os líderes das bancadas, o Legislativo mostrou autonomia e revelou que algumas questões da Casa podem ser resolvidas sem intervenção do Executivo estadual. Das 17 comissões, apenas a de Educação e Cultura está pendente e a composição deve ser decidida às 10h desta terça-feira (14), no Plenarinho II, em bate-chapa entre os deputados Waldemar Borges (PSB) e Renato Antunes (PL) que tem apoio do Governo.

Deputados da oposição e alguns da bancada independente alegam que a ausência de parlamentares, que impediram a formação da maioria das comissões, foi mais uma orquestração do Executivo estadual. Informações de bastidores dão conta de que Raquel Lyra não queria nenhum parlamentar do PSB ocupando a presidência das comissões temáticas.  Um dos deputados admitiu não esperar o que considerou "um gesto mesquinho" da governadora. Disse que vem observando o perfil e o rumo da gestão e reconhece que o "formato não está sendo muito bom".

O acordo de ontem garantiu ao PSB, que elegeu a maior bancada, com 13 deputados, a presidência de três comissões: José Patriota, em Assuntos Municipais; Simone Santana, em Ciência e Tecnologia; Gleide Ângelo, em Defesa dos Direitos da Mulher.  Dani Portela (PSOL), também da bancada de oposição ao Governo, ficou na presidência de Direitos Humanos.

“Nas três principais comissões, assistimos a uma interferência da governadora na composição. Os três poderes devem ser harmônicos e independentes entre si. Quem indica as comissões são os líderes de oposição e de governo em acordo com o conjunto das bancadas. Eventualmente, no dia pode haver bate-chapa”, reclamou Dani Portela (PSOL).

Elogios mesmo sobraram para o presidente da Casa, o deputado Álvaro Porto (PSDB). Comenta-se que ele tem atuado como ponte para o Palácio do Campo das Princesas e sido, por isso, muito cobrado pelos pares. Diz-se que também que foi firme na tentativa de manter a independência da Alepe e ressaltar a importância do consenso, como aconteceu. Chegou a defender o nome de Dani Portela (PSOL), rechaçado pelo Governo, para presidir a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos.

Os faltosos da manhã de segunda-feira (13) são todos aliados do Palácio do Campo das Princesas. A ausência do deputado Joel da Harpa (PL), que está viajando, esvaziou pelo menos duas reuniões: a da Comissão de Ciência e Tecnologia e a de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular. As reuniões de instalação das comissões de Saúde e Assistência Social e a de Ciência e Tecnologia não ocorreram por conta da ausência de Cleber Chaparral (União Brasil).

O presidente e vice-presidente da Comissão de Assuntos Municipais também não foram definidos pela manhã porque só compareceram João Paulo (PT) e Fabrício Ferraz (Solidariedade). A de Educação e Cultura foi abortada porque o pastor Cleiton Collins, do PP, também não apareceu no encontro, embora tenha sido visto na Casa pela manhã e participado da reunião ordinária à tarde.

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