Um dia após atos na Conde da Boa Vista, pessoas criticam depredações
Alvos durante a manifestação, as duas agências Bradesco da Conde da Boa Vista tinham o atendimento normalizado, enquanto os reparos aos vidros das portas e janelas dos bancos eram feitos. O comerciante Davi Rangel, 50, é proprietário de ótica na Rua do Hospício e procurou serviço de caixa eletrônico nesta manhã. Rangel disse não ter visto o tumulto, pois saiu mais cedo do trabalho, mas declarou ser contra depredações.
No seu entendimento, o Governo instiga a impunidade da população."No Brasil, a impunidade é muito grande e ocorre um efeito cascata. A revolta é causada pela impunidade e vem mais arrocho por aí", disse. "Vendo o que acontece, qualquer um se revoltaria", declarou.
Algumas lojas também foram alvo de vandalismo. Apesar disso, a C&A, que teve a placa quebrada, abriu no horário normal, às 8h. Os funcionários não foram autorizados a falar com a imprensa.
A caixa da loja Talento's, Rízia Suellen, relatou que os funcionários fecharam as portas do estabelecimento por volta das 17h30. Segundo ela, com medo, clientes entraram no local em busca de proteção. As portas ficaram fechadas por cerca de meia hora. "(Os manifestantes) passaram como se fosse um tsunami", afirmou. "Clientes estavam com muito medo. A gente só conseguia escutar o barulho da rua. Foi aterrorizante", declarou.
Segundo Rízia, algumas pessoas atearam fogo em lixo, na esquina com a Rua Gervásio Pires. Questionada sobre possíveis novas manifestações no local, ela disse que as portas da loja ficarão abertas, desde que os participantes não estejam mascarados ou se escondendo.
A professora Lucinalva Soares procurou atendimento no Banco Itaú. No entanto, apenas os caixas eletrônicos funcionavam, pois os vidros quebrados apresentavam riscos a funcionários e clientes. Ela disse ter acompanhado os atos pela televisão. "Imaginei que estaria fechada (a agência). Prejudica quem procura o serviço", afirmou. Lucinalva, no entanto, disse não ser contrária a manifestações. "Manifestação, tudo bem. Ontem, foi vandalismo", garantiu.
A vendedora Maria Auxiliadora dos Santos, 66, questionou a falta de segurança. "Faça sua passeata, mas não prejudique quem vem trabalhar", disse. "Não bote máscara, não bote óculos. Assim, está dizendo o que vai fazer", reagiu. Maria Auxiliadora ainda questionou a atuação do Exército. "Não botaram o Exército? Cadê o Exército?".
Perto da ambulante fica a Igreja Presbiteriana da Boa Vista, cujas portas foram manchadas com tinta vermelha durante a manifestação. Durante o tempo que circulou pela Conde da Boa Vista, a reportagem não encontrou com reforço do Exército.
Entenda
Após a manifestação na Praça do Derby, área central do Recife, os manifestantes saíram em caminhada pela via. No meio do caminho, alguns participantes promoveram atos violento contra agências bancárias e estabelecimentos comerciais. Houve correria e lojas fechando as portas. Dois tanques do Exército circularam pela área. Um homem chegou a ser atingido por uma bala de borracha e socorrido para uma unidade de saúde. Por volta das 19h10, os manifestantes dispersaram.


