Serasa Aponta 57 Milhões de Brasileiros com dívidas em 2025
De acordo com dados recentes da Serasa, mais de 57 milhões de brasileiros estão endividados
O cenário de crédito ao consumidor no Brasil em 2025 apresenta números que demandam atenção sob a ótica macroeconômica. Dados recentes divulgados pela Serasa indicam que mais de 57 milhões de brasileiros possuem alguma forma de dívida ativa, dos quais 19 milhões já se encontram em situação de inadimplência (negativados). Os dados da Serasa sobre o endividamento em 2025 servem como um importante termômetro da saúde financeira das famílias brasileiras e um indicador antecedente relevante para as perspectivas de consumo, crédito e crescimento do PIB.
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Embora fatores como a dificuldade individual no monitoramento do CPF e a desatualização de dados cadastrais sejam citados como contribuintes – dificultando, inclusive, a comunicação eficaz entre credores e devedores e a agilidade na recuperação de crédito –, o fenômeno reflete, primordialmente, as pressões econômicas sobre a renda e a capacidade de pagamento das famílias brasileiras. A análise desses dados é crucial para entender a dinâmica do consumo e do crédito no país.
Monitoramento
A existência de ferramentas de consulta de crédito, como as plataformas dos birôs (Serasa, SPC), o portal consumidor.gov.br e o Registrato do Banco Central, são mecanismos importantes para a transparência e o funcionamento do mercado. No entanto, a questão central para a análise econômica reside nas causas estruturais e conjunturais desse endividamento e, principalmente, em suas consequências sistêmicas. A qualidade e a atualização da informação nesses sistemas impactam diretamente a precificação de risco e a eficiência na alocação de crédito na economia.
Inadimplência
Os efeitos de um alto contingente de inadimplentes transcendem a esfera financeira individual, gerando impactos macroeconômicos relevantes:
- Contração do Consumo: A restrição ao crédito para uma parcela significativa da população limita diretamente o consumo das famílias, principal motor do PIB brasileiro. Setores dependentes de crédito (varejo de bens duráveis, automotivo, imobiliário) tendem a ser os mais afetados.
- Risco para o Sistema Financeiro: Níveis elevados de inadimplência pressionam a qualidade das carteiras de crédito das instituições financeiras, exigindo maior provisionamento (PDD) e podendo, em última instância, afetar a rentabilidade e a solidez do setor.
- Desaceleração Econômica: A combinação de menor consumo e potencial restrição na oferta de crédito (credit crunch) pode resultar em um ritmo de crescimento do PIB aquém do potencial.
- Impactos Fiscais Indiretos: Embora menos diretos, níveis elevados de estresse financeiro na população podem aumentar a demanda por serviços públicos e programas de assistência social.
Debate sobre Políticas e Soluções
A mitigação desse quadro de endividamento elevado passa por um debate que envolve diversas frentes de política econômica e ações de mercado:
Política Monetária e Fiscal: O patamar da taxa básica de juros (Selic) e as condições fiscais do governo influenciam o custo do crédito e a renda disponível.
Regulação e Mercado: Iniciativas que facilitam a renegociação de dívidas (como programas emergenciais ou aprimoramentos regulatórios permanentes) podem aliviar a pressão sobre os devedores. A promoção da educação financeira, embora de impacto mais difuso e de longo prazo, também é um componente relevante.
Políticas Estruturais: Ações focadas no aumento da renda real, na geração de empregos formais e na redução da desigualdade são fundamentais para fortalecer a capacidade de pagamento das famílias de forma sustentável.



