Você sabe o que são as cooperativas de crédito?
A fragilização da economia provocada pela pandemia da Covid-19 ainda deixa sequelas na sociedade. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o número de endividados cresceu pelo terceiro mês seguido em Pernambuco, atingindo 77,4% das famílias. Neste contexto, as cooperativas de crédito surgem como uma alternativa aos bancos de conseguir empréstimos com melhores condições.
A Sicredi Pernambucred é uma das cooperativas mais tradicionais do Estado, com 20 anos de operação e mais de 18 mil associados. “Existem vários segmentos do cooperativismo. No caso do cooperativismo de crédito, nós existimos para administrar o patrimônio, mas somos uma instituição preocupada com as pessoas. Todo associado é dono da cooperativa, ele participa de sua gestão”, explicou Luís Aureliano de Barros Correia, Presidente do Conselho de Administração da Sicredi Pernambucred.
O Diretor Executivo da Sicredi Pernambucred, Giovanni Prado, destaca as vantagens do cooperativismo de crédito: “Nós não temos intenção de lucro, então nossas taxas de juros para os associados são menores, as taxas de remuneração das aplicações são maiores, a nossa forma de organização nos dá uma despesa de custeio muito enxuta. E depois disso tudo, o que sobra, ou seja, o ‘lucro’, é devolvido ao associado”, analisou.
Essa distribuição do “lucro” é benéfica tanto para os associados, quanto para a economia local. “A riqueza gerada fica no estado, trazendo renda, incrementando e valorizando a economia local. E esse é um diferencial das cooperativas financeiras, que deixam os recursos nas cidades onde estão sediadas”, destacou Luís Aureliano.
Ser uma instituição sem fins lucrativos é uma característica de todas as cooperativas de crédito, não somente da Sincredi. Regulada pelo Banco Central, as instituições são formadas através da associação de pessoas, que se juntam em prol de um objetivo em comum. No caso das cooperativas de crédito, a melhor administração dos recursos é o foco. Todo o cliente da cooperativa também é dono da mesma, tendo um alinhamento de interesse entre eles.
Para se tornar associado de uma cooperativa, o interessado precisa ser aprovado nos critérios fixados por cada instituição financeira. “Além da aprovação e adesão aos pacotes, existe a participação econômica dos associados. Como donos da cooperativa, os associados têm a responsabilidade de contribuir financeiramente com ela, para investimento nas operações e serviços da própria cooperativa, através das cotas-parte que varia de acordo com cada cooperativa”, explicou Marcel Santiago, sócio da Virtus Consultoria Financeira e professor do CEDEPE Business School.
Marcel Santiago - Divulgação/AssessoriaPelas cooperativas serem de livre adesão, elas possuem forte atuação nas comunidades mais remotas. “Ela consegue atender de forma mais específica determinada região. Como ela tem essa questão de que o cliente é o dono, acaba que você é melhor atendido no sentido de facilidade no crédito e taxas mais competitivas”, analisou Marcel.
Mesmo diante de todas essas vantagens, o cliente deve analisar bem a sua necessidade ao escolher a cooperativa como forma de investimento e empréstimo de crédito, pois ela também carrega algumas desvantagens. “O principal ponto de atenção é sobre o fundo garantidor de crédito dos bancos tradicionais. As cooperativas não podem usar esse fundo, que ajuda a ressarcir o cliente em caso de falência da instituição. Elas possuem um fundo próprio. A maioria das cooperativas também não possuem produtos muito complexos, sendo oferecidos produtos mais tradicionais. Dificilmente você vai ter em uma cooperativa uma trava cambial ou um produto mais complexo que a empresa precisa para fechar uma safra de soja, por exemplo. Nesses casos você tem que recorrer aos bancos mesmo”, explicou Marcel.
Em um momento de retomada econômica, em que se torna necessário o suporte ao pequeno empresário, apostar nas cooperativas pode ser uma boa solução. “Quando bem instrumentalizadas, as cooperativas são uma excelente ferramenta para estimular o comércio e favorecer pequenas e médias empresas. Acredito que a tendência do universo é sempre ter esse conceito de comunidades, porque dentro dos conceitos de comunidades nichadas, você gera uma maior competitividade para os bancos que sempre tiveram uma autonomia nessa gestão de recursos que vão para o mercado”, analisou o advogado Carlos Pinto, do escritório Carlos Pinto Advocacia Estratégica.
Arte Folha PE / Hugo Carvalho



