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Problemas respiratórios em cães jovens podem indicar infecções graves

Em algumas raças, principalmente nos cães braquicefálicos, a atenção precisa ser maior

Problemas de saúde em filhotes podem ser mais graves do que parecemProblemas de saúde em filhotes podem ser mais graves do que parecem - Caio/Pexels

Filhotes precisam de olhares e cuidados maiores. A introdução ao mundo, as primeiras vacinas, o contato com pessoas, outros pets e até com a rua são feitos de maneira metódica e gradual. No caso dos cães, o tutor deve ainda atentar para problemas respiratórios nos primeiros meses de vida. 

Esse sintoma pode estar relacionado a infecções respiratórias, com potencial para comprometer rapidamente a saúde do animal e, em casos mais graves, colocar a vida do pet em risco. Entre as causas mais comuns estão bronquite, pneumonia, o chamado “complexo respiratório infeccioso canino” (conhecido como tosse dos canis), gripe canina e vírus, como da cinomose.

“O filhote tem o sistema imunológico ainda em formação, o que o torna mais vulnerável a agentes infecciosos. Por isso, qualquer alteração no processo respiratório deve ser avaliada imediatamente”, explica a médica-veterinária Manuela Soares, da Syntec.

Os sinais de problemas respiratórios vão além do cansaço e incluem tosse persistente, espirros frequentes, secreção nasal ou ocular, chiado ao respirar e gengivas azuladas, que podem indicar que o animal não está recebendo oxigênio suficiente. Em casos mais graves, o pet pode apresentar apatia, falta de apetite e até desmaios.

Estudos realizados no Brasil mostram que, mesmo em cães aparentemente saudáveis, o risco de problemas respiratórios pode ser elevado. Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por exemplo, identificou que até 78% dos cães assintomáticos de um abrigo com condições sanitárias precárias testaram positivo para pelo menos um vírus do complexo respiratório infeccioso canino, indicando que infecções podem ocorrer mesmo sem sinais clínicos visíveis.

As infecções respiratórias podem ser causadas por vírus, bactérias ou fungos, isolados ou em combinação. O diagnóstico preciso depende de exame clínico detalhado e de exames complementares, como radiografia, hemograma e testes específicos. O tratamento varia conforme a causa, podendo incluir antibióticos, nebulizações, oxigenoterapia, manutenção do ambiente limpo e aquecido, além de cuidados de suporte.

A prevenção é a melhor estratégia para proteger os filhotes. Manter o calendário de vacinação em dia, evitar exposição a ambientes frios, úmidos ou com grande concentração de animais, proteger o animal do contato com cães doentes e observar qualquer alteração no padrão respiratório ou comportamento são medidas essenciais. “Muitos tutores subestimam uma simples tosse, mas em filhotes ela pode evoluir rapidamente. O ideal é procurar o veterinário logo nos primeiros sinais”, reforça Manuela Soares.

Raças em risco

Filhotes de cães braquicefálicos, como pug, bulldog francês e shih-tzu, nascem com características anatômicas que aumentam o risco de problemas respiratórios já nas primeiras semanas de vida. Narinas estreitas, traqueia reduzida e focinho encurtado dificultam a passagem de ar, fazendo com que muitos apresentem roncos, cansaço rápido e até crises de falta de ar em situações simples, como brincar ou se alimentar.

Veterinários alertam que esses sinais podem evoluir para o chamado BOAS, uma síndrome obstrutiva que exige acompanhamento e, em casos graves, cirurgia. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Helsinque, na Finlândia, identificou que parte dessas alterações que causam a síndrome é hereditária, reforçando a importância de os criadores adotarem critérios de saúde nas ninhadas. 

Para os tutores de pets dessas raças, em específico, a atenção precisa ser ainda maior e deve se manter por toda a vida do pet. 

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