Quedas em idosos: como prevenir, agir e promover a segurança na terceira idade
Fisioterapeuta Madalena Aureliano diz que 40% dos idosos acima de 80 anos sofrem quedas graves
O perigo silencioso das quedas em idosos
As fraturas mais comuns após quedas são as de colo do fêmur, seguidas de punho, ombro, coluna e tornozelo. Essas lesões podem demandar longos períodos de recuperação, cirurgias e, muitas vezes, comprometer a independência do idoso - Foto: Canva
As quedas estão entre os principais problemas de saúde pública que afetam a população idosa. Segundo a fisioterapeuta Madalena Aureliano, especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica Funcional e Fisioterapia Aquática, o tema não deve ser subestimado.
“É muito comum que o idoso caia, mas é uma queda que pode e deve ser evitada. Cerca de 40% dos idosos acima de 80 anos vão cair — e muitos deles terão fraturas de fêmur, bacia ou ombro. É um evento que pode, inclusive, levar ao óbito. Por isso, não se trata de uma ‘besteira’, e sim de algo que precisa ser prevenido com cuidado e atenção”, alerta a especialista.
O envelhecimento natural traz mudanças fisiológicas que aumentam o risco de quedas, como perda de massa muscular, de força óssea, de equilíbrio, de agilidade e de coordenação motora. Além disso, fatores como problemas de visão, uso de múltiplos medicamentos, doenças crônicas e sedentarismo tornam os idosos mais vulneráveis.
Consequências físicas e emocionais
As fraturas mais comuns após quedas são as de colo do fêmur, seguidas de punho, ombro, coluna e tornozelo. Essas lesões podem demandar longos períodos de recuperação, cirurgias e, muitas vezes, comprometer a independência do idoso.
“Prevenir e evitar que o idoso caia ainda é a melhor opção. É o que temos de mais seguro para evitar complicações e as fraturas que podem mudar completamente a vida dessa pessoa e de sua família”, ressalta Madalena.
Além das sequelas físicas, as quedas podem gerar medo, isolamento e perda da autoconfiança, reduzindo a participação social e a autonomia. Muitos idosos deixam de realizar atividades cotidianas, o que pode levar a um ciclo de imobilidade e fragilidade progressiva.
Como adaptar o ambiente doméstico
O espaço onde o idoso vive deve ser pensado para oferecer segurança, acessibilidade e conforto. Madalena propõe uma comparação simples, mas poderosa:
“Quando a gente vai receber um bebê, adapta a casa: tira tapetes, coloca telas, muda móveis. Com o idoso deve ser o mesmo. É preciso preparar o ambiente para recebê-lo com segurança.”
As principais recomendações incluem:
• Retirar tapetes soltos e fios expostos;
• Melhorar a iluminação, principalmente nos corredores e banheiros;
• Instalar barras de apoio em locais estratégicos, como banheiros e escadas;
• Ajustar alturas de camas, cadeiras e vasos sanitários;
• Evitar animais pequenos que possam causar tropeços;
• Garantir pisos antiderrapantes e superfícies firmes.
Como agir após uma queda
Saber o que fazer em caso de queda é fundamental.
“O ideal é manter o idoso acordado, orientado e seguro. Não se deve tentar levantá-lo, especialmente se houver dor ou deformidade aparente. É preciso acionar o serviço de urgência para o diagnóstico médico o mais rápido possível”, orienta Madalena Aureliano.
Após o atendimento, o tratamento pode ser cirúrgico ou conservador. Em ambos os casos, o acompanhamento fisioterapêutico é indispensável.
“Nem todo fisioterapeuta está preparado para atender um idoso pós-fratura. É importante procurar um profissional especializado, que entenda as fragilidades ósseas, musculares e de pele desse paciente e saiba conduzir o tratamento com segurança”, reforça.
A importância da fisioterapia preventiva
Mais do que reabilitar, a fisioterapia pode prevenir quedas e prolongar a independência do idoso.
“Eu costumo dizer que toda pessoa idosa deveria ter um fisioterapeuta para chamar de seu”, comenta Madalena. “Não é preciso esperar o idoso cair ou sentir dor. O fisioterapeuta trabalha para melhorar força, equilíbrio, coordenação e mobilidade — e, assim, reduzir riscos e garantir qualidade de vida.”
O acompanhamento regular permite identificar limitações precoces e adaptar o plano terapêutico conforme o envelhecimento. Além disso, favorece o estímulo à atividade física e ao autocuidado, com foco na autonomia e na autoestima do idoso.
Dicas práticas para prevenir quedas
• Retire tapetes, fios e obstáculos do caminho;
• Ilumine bem os cômodos, principalmente à noite;
• Instale barras de apoio e tapetes antiderrapantes em banheiros;
• Evite pisos escorregadios e desníveis entre os cômodos.
Cuidados com o corpo
• Estimule atividades físicas regulares e acompanhamento fisioterapêutico;
• Faça revisões médicas e oftalmológicas periódicas;
• Revise medicamentos com o médico — alguns podem causar tontura ou sonolência;
• Garanta uma alimentação rica em cálcio, vitamina D e proteínas.
Cuidados familiares e institucionais
• Observe sinais de desequilíbrio ou medo de andar;
• Converse com o idoso sobre a importância da prevenção;
• Evite superproteger: incentive a autonomia com segurança;
• Em instituições, mantenha pisos limpos, iluminação adequada e acompanhamento profissional.
As quedas em idosos não são um evento inevitável do envelhecimento, mas um desafio que pode ser enfrentado com informação, prevenção e cuidado contínuo.
“Prevenir é sempre o melhor caminho. Com o suporte da família, da equipe de saúde e de um fisioterapeuta especializado, é possível envelhecer com segurança, independência e qualidade de vida”, conclui Madalena Aureliano.
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A coluna Modo Fit é publicada semanalmente no portal da Folha de Pernambuco e traz conteúdos voltados para quem busca bem-estar. Os temas abordam desde treinos, nutrição, suplementação, equilíbrio emocional, movimento consciente, terapias integrativas, até as novidades e eventos do universo fitness e wellness.
Esta edição contou com a colaboração da fisioterapeuta Madalena Aureliano - @clinicafisioserra @madalenaaureliano