A economia e o eixo do pessimismo
A dinâmica econômica pode surpreender e frustrar as expectativas adversas
Não bastasse um conflito ideológico idiota e a beligerância hostil que decorre desses embates, vivemos em tempos de ameaças econômicas. Do grau mais simples, que parte daqueles que fazem questão de exercerem seus maus humores e pessimismos. Até um certo nível de complexidade, capaz de fazer com que as más lideranças de hoje, manipulem e promovam um ambiente de crise econômica. Aqui, por meio de insanidades e sandices que mexem com tarifas, embargos e outros instrumentos de repressão à dinâmica econômica.
Diante desses estilos de condução política, seja para o ambiente fechado da economia doméstica, ou mesmo, no contexto aberto das relações internacionais, toda aposta se dá a favor do que trato como "eixo do pessimismo". E por que isso tem-se revelado tão comum nos últimos tempos?
Bem, as respostas não são tão simples assim, porque há variadas explicações. De qualquer modo, penso que posso resumi-las em duas linhas de observação. Uma primeira, numa perspectiva de análise doméstica, associada a um argumento sustentado na tese de que a economia brasileira atual vive o auge do fracasso. Uma outra linha, diante do clima de guerra instaurado em dois pontos geográficos (Europa Oriental e Oriente Médio), nos quais se projetam cenas de um caos onipresente. Afinal, a realidade beligerante dos conflitos, põe em risco imanente os indicadores que mexem com as relações comercias e a integração de mercados.
No caso do panorama atual da economia brasileira, costumo dizer que "a história se repete". Agora, com a robustez de um inédito acirramento ideológico, que dá voz especial às discussões sobre a política econômica. Nesse sentido, prefiro compartilhar minha opinião com a mesma que ouvi dias atrás do Prof. Giannetti.
Com objetividade e brilhantismo, o economista expôs sua convicção de que nossos indicadores socioeconômicos estão sob controle. De modo pragmático, a economia não tem girado em torno do "eixo do pessimismo" tão explorado por quem apenas age pelo viés ideológico. E o danado disso é que a sanha obsessiva dos críticos só tem-se inspirado no eterno desmantelo fiscal. Claro que isso afeta a política econômica, dados os riscos para o controle dos níveis gerais de preços (inflação, juros e câmbio). Mas, diante de registros históricos, reassistimos à repetição de um velho problema. Mesmo que tenha genética em distintos governos, o fato real é que não há sinais de perda de controle. Só para contrariar o mau humor e o pessimismo.
Ao ampliar esse horizonte, agora com o olhar para o panorama internacional, os sinais recentes de conflitos bélicos foram também indicativos de outra onda pessimista. Nem vale dizer sobre evidências históricas, na qual a economia brasileira se acostumou a operar no contrafluxo. Ou seja, quando o cenário externo se torna caótico, por aqui a economia costuma fluir sem grandes infortúnios. De qualquer modo, o caos antecipado dias atrás, na forma de situações que impactariam os preços do petróleo, a inflação e os juros nos mercados, parece que não irá se apoiar noutro "eixo de pessimismo".
Enfim, melhor seguir o que disse Pablo Picasso: "há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aqueles que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol”. É preciso inverter o eixo.



