Sáb, 20 de Dezembro

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Quando a alimentação saudável traz presença e partilha entre pais e filhos

As refeições preparadas coletivamente ajudam a criança a despertar a curiosidade alimentar, reduzir a seletividade e experimentar novos sabores com prazer

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Imagine uma criança de avental, mãos sujas de farinha e um sorriso curioso enquanto mistura os ingredientes de um bolo de banana. Ao lado dela, o pai ou a mãe orienta com paciência, transformando a cozinha em um espaço de descobertas e afetos. É nesse ambiente que se formam não apenas lembranças, mas também hábitos alimentares saudáveis que duram por toda a vida.

Para Nani Cavalcanti, pedagoga e gastrônoma do Sítio Dourado, que ministra a Oficina de Sabores e Texturas, com Lígia de Albuquerque, assistente de educação nutricional, cozinhar com as crianças é um ato de amor e momento de formação.

“A alimentação saudável na infância é construída com exemplo, afeto e vivência. Quando os pais convidam os filhos a preparar juntos uma refeição, eles não estão apenas ensinando receitas — estão ensinando sobre cuidado, autonomia e escolhas conscientes”, destaca Nani.

Alimentação equilibrada e desenvolvimento infantil

Uma alimentação equilibrada é essencial para o crescimento físico e cognitivo das crianças. O que vai ao prato influencia diretamente o sono, o controle de peso, o humor, a imunidade e o rendimento escolar. Crianças que consomem alimentos naturais e nutritivos — como frutas, legumes, cereais integrais e proteínas magras — apresentam maior capacidade de concentração e aprendizado, além de desenvolverem melhor o paladar. Segundo Nani, o segredo está na variedade e na simplicidade.

“Não é preciso receitas elaboradas. Uma salada colorida, um sanduíche natural feito junto com a criança ou um suco preparado em família já criam memórias afetivas e ampliam o repertório alimentar”, explica.

Cozinhar em família desperta sentidos e vínculos

As refeições preparadas coletivamente ajudam as crianças a despertarem a curiosidade alimentar, reduzirem a seletividade e experimentarem novos sabores com prazer. Na Oficina Sabores e Texturas, do Sítio Dourado, as vivências sensoriais trabalham a percepção de cores, cheiros, texturas e temperaturas, estimulando o paladar e o aprendizado.

“Quando a criança toca, cheira , mistura ingredientes e prepara o alimento, ela cria uma relação de confiança com o que come. Esse processo ajuda a reduzir recusas alimentares e aumenta a autonomia na hora de escolher o que comer”, ressalta Nani Cavalcanti.

Além dos benefícios nutricionais, essas práticas favorecem a socialização, o trabalho em equipe e o respeito ao tempo de cada um. O exemplo vem de casa: pais como espelho de bons hábitos. As crianças aprendem muito mais observando do que ouvindo. Por isso, o comportamento alimentar dos pais é o principal modelo para os filhos. Comer juntos à mesa, manter horários regulares e evitar o uso da comida como recompensa são atitudes simples que fortalecem o vínculo familiar.

“A rotina alimentar precisa ser leve e prazerosa. Se os adultos comem com atenção e escolhem bem os alimentos, as crianças naturalmente seguirão esse caminho”, explica Nani.

Substituir ultraprocessados por comidas caseiras e naturais é outro passo importante. O ideal é priorizar alimentos de verdade: feijão, arroz, frutas, verduras, ovos e peixes — ingredientes que, além de nutritivos, carregam história, cultura e afeto.

Ideias práticas para fazer com as crianças:

Sanduíche do Bem: pão integral, pasta de grão-de-bico e legumes ralados (cenoura e beterraba).
Frutas divertidas: monte carinhas com banana, uva e morango.
Mini omeletes coloridos: ovos, tomate, queijo branco e cheiro-verde.
Picolé natural: suco de fruta batido com pedacinhos de fruta congelada.
Salada das cores: peça para a criança escolher três cores diferentes de legumes e montar o prato.

Dicas extras:

Cozinhe junto e transforme o momento em brincadeira.
Evite distrações (como TV ou celular) durante as refeições.
Crie rituais simples — como agradecer ou conversar sobre o dia — para valorizar o tempo à mesa.

 

 

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