Artistas se unem em tributo aos 70 anos de Asa Branca e passeiam por ritmos como baião e forró
Música mais famosa de Luiz Gonzaga ganha homenagem no Festival de Inverno de Garanhuns, no show “70 por 7”
Desde que “Asa Branca” foi gravada, a música nordestina passou por várias mudanças, afinal, lá se vão 70 anos. Quando Luiz Gonzaga registrou a canção pela primeira vez, a melodia era mais lenta, melancólica, uma verdadeira manifestação de saudade. Naquele momento, em 1947, o que viria a se transformar no hino não oficial da região Nordeste do Brasil não recebeu da gravadora a mesma atenção dada pelo público.
Contudo, seu co-autor, o advogado cearense Humberto Teixeira, já sabia: "vai ser clássico", disse ele, assim que a ouviu. Em pouco tempo, a toada virou a primeira lição de todo sanfoneiro e, 70 anos depois, será homenageada por sete deles na próxima quinta-feira, dia 27 de julho, às 21h, durante o Festival de Inverno de Garanhuns, que segue até o dia 29 na cidade do Agreste pernambucano.
O show “70 por 7” vai contar com Agostinho do Acordeon, Terezinha do Acordeon, Waldonys, Chambinho do Acordeon, Mahatma Costa, Adelson Viana e Rafael Meninão no palco. Os 50 minutos da apresentação trarão muito história. “Vamos trazer um quadro com a trajetória do Rei do Baião”, conta o também sanfoneiro Beto Hortis, diretor musical do projeto.
Cada músico tem uma história particular influenciada pelo mestre. “Muita coisa mudou, né? São 70 anos. A essência do ritmo permanece a mesma, mas o forró foi para área urbana também. De um caminhão - foi em cima de um que vi Gonzaga tocar, e ele era tão largo, tão alegre... que eu soube que queria fazer aquilo. O forró foi para palcos maiores, e instrumentos foram acrescentados, mas a essência é, e sempre será, o triângulo, a sanfona e a zabumba”, vaticina Terezinha.
A abertura de “70 por 7” será feita com a introdução dos três baiões: “Baião”, “Vem Morena” e “Qui Nem Jiló”. Junto aos arranjos, Chambinho - o Gonzagão do longa-metragem "Gonzaga de pai para filho", do diretor Breno Silveira - vai declamar um pequeno texto, quatro linhas que descrevem a história da “sagrada família”.
“A sanfona tem o agudo e o grave. Ela fica no centro, do lado direito, onde o sanfoneiro toca o agudo, fica a zabumba, e do lado esquerdo, o triângulo, que é agudo. Assim é a composição perfeita, se tira tudo daí”, aponta Terezinha do Acordeon. “Seu Luiz (Gonzaga) dizia que o triângulo era casado com a zabumba. É o trio perfeito”, complementa a produtora cultural Margot Rodrigues. Quartinha vai comandar a zabumba e Deivson, o triângulo. Quartinha recebeu o primeiro cachê da carreira aos 8 anos de idade, das mãos do próprio Gonzagão.
O xote dá sequência ao repertório. “Depois vem “No Pé de Serra”, onde tudo começou, em Exu, com ele cantando pé-de-serra, depois ele desce (do Sertão para Capital) e vai pra “(Numa) Sala de Reboco”. E de lá vai 'simbora' para o Sul, “Vida de Viajante” e volta para Exu e canta “Respeita Januário”. Foi assim que a gente pensou o show”, descreve Hortis.
Na sequência vem o forró, seguido pelas marchinhas de São João. Marcadas pelo ritmo da zabumba. “As pessoas acham que é só um forró, mas são vários ritmos”, pontua Margot. A zabumba é que dita o ritmo e faz o baião se tornar xaxado, arrasta-pé ou quadrilha. “É tudo música nordestina, mas tem suas diferenças”, aponta Agostinho do Acordeon - pai do também forrozeiro Josildo Sá - que aprendeu a tocar com o próprio Gonzaga e tem 77 anos de idade.

