Djavan lança novo álbum, "Improviso", versando sobre as surpresas e imprevisibilidades do amor
Cantor e compositor alagoano lança, hoje, seu 26º álbum de estúdio, com onze faixas inéditas e uma regravação em homenagem a Gal Costa
Para Djavan, o amor é assunto inesgotável. O alagoano de 76 anos de idade, cantor e compositor com mais de 50 de carreira, vem se dedicando, em seu ofício, a perseguir novas formas de versar e harmonizar o sentimento mais cantado por toda a humanidade desde que o mundo é mundo.
“Ir atrás do amor é um jazz”, verso da canção “Brinde” – lançada por Djavan em setembro – resume bem o conceito que envolve “Improviso”, seu 26º álbum de estúdio, que chegou hoje (11) às plataformas digitais (o álbum também ganha edição em vinil): desta vez, o artista canta sobre as surpresas, os passos não ensaiados e os movimentos imprevisíveis que o amor lança em nosso caminho.
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“Improviso” tem doze faixas, sendo onze delas inéditas. A regravação é a música “O Vento” – outro single do álbum, lançado em outubro –, parceria com Ronaldo Bastos, lançada originalmente em 1987, por Gal Costa, no seu álbum “Lua de Mel como o Diabo Gosta”.
Sobre o amor
“Escrever sobre amor, eu poderia dizer para você, ironicamente, que é algo novo. Porque o amor é dinâmico a ponto de jamais se repetir. Nem mesmo na mesma pessoa, ele vem sempre diferente, ele sempre vai ter um contexto novo para ser abordado. E é isso que eu persigo, é esse contexto novo”, pontua Djavan, em entrevista à Folha de Pernambuco.
Mas, pondera: “Antes de mais nada, é um grande desafio, você corre o risco o tempo todo, falar desse sentimento, um sentimento inerente à humanidade”.
“Improviso”
Em “Improviso”, Djavan lança mão, com maestria, da verve músico-poética que lhe garantiu lugar entre os gigantes da MPB: a sofisticação musical, que une jazz, pop, R&B, com seu suingue típico, e letras que vão por caminhos improváveis, sempre inteligentes.
Na belíssima e densa faixa-título, Djavan une as ideias do improviso musical e dos descaminhos nas relações amorosas, em versos como “Pode ter parte com a dor/ Quando faço um improviso/ Vejo as notas irem de cor/ Pra onde eu não quis (...) As notas incertas/ Só falam de amor”.
A faixa “Pra Sempre” quase seria uma parceria Djavan/Michael Jackson. Em 1987, a pedido de Quincy Jones, o alagoano fez uma melodia que seria endereçada para Michael adicionar letra e gravar no álbum “Bad”. Djavan não enviou a música, que ficou guardada por anos. Muitos pedidos e décadas depois, Djavan desengavetou a melodia e colocou letra, que homenageia o Rei do Pop.
A divertida “Falta Ralar” versa sobre o amor na juventude. Djavan canta sob a perspectiva de uma garota de 15 anos em diálogo com um garoto de 18. “Observando mesmo os jovens (...) eu tenho netos, tenho filho jovem, também, e achei o tema interessante, porque a mulher amadurece mais rápido que o homem, naturalmente”.
A falta de amor no mundo que vivemos hoje – de guerras, violência, conflitos ideológicos – também entram no radar de Djavan, na música “Sonhar”, que, ao mesmo tempo, também traz o desejo de um mundo melhor.
“Estou colocando o sonho para conduzir o sentimento que você tem pelas coisas no mundo. E, nesse particular, o resultado é que tem um lado de sofrimento grande, porque eu não deixo de falar das guerras, que é o que envolve nossa existência nesse momento. Falo do quão o sonho é importante e é, acima de tudo, facultado a todos. E o quanto ele é importante na vida, o quanto ele é importante para conduzir os seus passos. Gostei muito dessa música por isso, porque é um tema que eu nunca tinha abordado nesse sentido, e fala também do sonho em poder conduzir os destinos, as vidas”, conta Djavan.

