Dom, 07 de Dezembro

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"meu bem meu mal"

Feita às pressas, a novela global "Meu Bem Meu Mal" completa 35 anos; relembre a trama

Folhetim teve elenco estrelado e treta de atrizes com o elenco

Folhetim completa 35 anos da primeira exibiçãoFolhetim completa 35 anos da primeira exibição - Foto: TV Press/Divulgação

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O processo de realização de uma novela exige tempo para maturar ideias, reunir elenco, organizar a produção e então colocar tudo em prática.

No entanto, em 1990, tempo era o que faltava para Cassiano Gabus Mendes. Profundo conhecedor das engrenagens televisivas e espécie de mentor da novela contemporânea brasileira (“Beto Rockfeller” foi ideia sua), a única arma do novelista para escrever “Meu Bem Meu Mal” foi sua experiência.

Na época, com tudo pronto para “Araponga”, substituir “Rainha da Sucata” no horário das oito, Boni, então todo-poderoso executivo da emissora, considerou que a complexa trama escrita por Dias Gomes, Ferreira Gullar e Lauro César Muniz não tinha apelo popular e mais parecia uma macrossérie.

Por conta disso, jogou a produção para mais tarde e, confiando na expertise de Cassiano, encomendou um folhetim totalmente inédito e com cara de “novela das oito” para ser lançado em apenas três meses.

“Eu sinto muito orgulho de ter estreado como autora ao lado do Cassiano e nesse trabalho, que começou de forma torta, com um prazo muito curto para preparar sinopse e capítulos. Mas, de alguma forma, as coisas foram se encontrando e o sucesso aconteceu. Cassiano fez um verdadeiro apanhado de tudo de mais interessante que ele escreveu”, analisa Maria Adelaide Amaral, parceira e pupila do autor falecido em 1993.

A trama
Na trama, Dom Lázaro Venturini, de Lima Duarte, é o sócio principal da Venturini Designers, mas ele precisa dividir os interesses da empresa com Isadora, a intragável viúva de seu filho, interpretada por Silvia Pfeifer, e Ricardo, de José Mayer, filho bastardo de sua falecida esposa.

“Dom Lázaro era um leão e vivia cercada de hienas. Aliás, Cassiano foi pioneiro. Se hoje todos os autores correm atrás das ambiguidades humanas, ele já se utilizava disso com grande propriedade lá atrás”, ressalta Lima.

O clima pesado entre o trio só piora quando Dom Lázaro descobre que Isadora e Ricardo, na verdade, são amantes secretos. Ao ver os dois se beijando, ele acaba tendo um AVC e fica boa parte da novela numa cadeira de rodas, sem falar, entrevado dentro de casa e refém dos abusos de Isadora.

“Eu tinha acabado de receber uma chuva de críticas por conta da minissérie ‘Boca do Lixo’. E me chega o convite para a personagem principal da novela das oito. Isso me fez ganhar confiança e vontade de continuar na carreira de atriz. Acho a novela forte e cheia de grandes cenas. Os diálogos eram muito ricos e sedutores. Tudo era regido pela ambição dos personagens”, conta Silvia, que estreava no posto de protagonista de novela.

Sem qualquer cerimônia, a novela apelou para os mais diversos clichês do gênero. No entanto, saltou aos olhos do público o tom jovial e a predominância de casos amorosos entre pessoas de classes diferentes.

Elenco
Filhos de Isadora, os riquinhos Marco Antônio e Victória, de Fábio Assunção e Lisandra Souto, eram obrigados pela mãe a se relacionar apenas com filhos de pessoas abastadas. No entanto, ao proibir o namoro do filho com Fernanda, de Lídia Brondi, a ricaça despertou a ira da mãe da moça, Berenice, de Nívea Maria.

Disposta a vingar as humilhações passadas pela filha, Berenice contrata o esperto Doca, de Cássio Gabus Mendes, para se passar pelo milionário Ricardo Costa Brava e conquistar o coração da irmã de Marco Antônio.

“A novela tinha poucos personagens e eles se cruzavam. O Doca alternava entre o humor e o oportunismo, mas acabou se apaixonando por uma pessoa pobre como ele e filha da mulher que o contratou para dar um golpe, a Fernanda”, conta Cássio, que, curiosamente, acabou se apaixonando por Lídia Brondi ao longo da trama e estão juntos até hoje.

Veterano
O humor peculiar de Cassiano esteve presente em diversos núcleos da novela. Especialmente, na relação gato e rato de Porfírio, mordomo de Salviano, e Magda – ou melhor Divina Magda –, amiga de Victória, papéis de Guilherme Karan e Vera Zimmermann.

“É um daqueles personagens que marcam a carreira e acho legal ter essa referência. Onde eu vou tem alguém que lembra do jeito que o Karan chamava a Magda”, diverte-se Vera.

O folhetim ainda reservou momentos de destaques para Luciana Braga, Marcos Paulo, Adriana Esteves, Yoná Magalhães, Thales Pan Chacon e as irmãs Ísis e Luma de Oliveira. Ambas, inclusive, abandonaram a novela no meio do caminho.

Luma e Eike
A primeira por problemas de relacionamento com o resto da equipe. E a segunda pediu para sair para casar com o empresário Eike Batista e teve sua personagem, a garota de programa Ana Maria, assassinada.

Ambientada em São Paulo, “Meu Bem Meu Mal” foi uma das poucas novelas da emissora que não tiveram cidade cenográfica. “Não tínhamos tempo hábil para essa construção. Acabamos fazendo a novela toda em estúdio no Rio de Janeiro e locações na cidade de São Paulo. Isso tornou o processo mais trabalhoso”, confessa o diretor Ricardo Waddington.

Com 173 capítulos exibidos, a produção tornou-se um sucesso ao garantir média geral de 55 pontos de audiência.

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