Jonathas de Andrade leva sua 'Caravana Museu do Homem Nordeste' para Goiana

Artista visual e fotógrafo, Jonathas de Andrade é da arte (e do mundo), tamanho o peso de sua obras em pouco mais de uma década de trajetória explorada, essencialmente, por humanidades cotidianas e tensões sociais.

Mas o alagoano, radicado em Pernambuco, se deleita quando em suas andanças Brasil afora e, mais especificamente, Nordeste adentro, pode (re)contar histórias em projetos como a "Caravana Museu do Homem Nordeste", que já passou pelas unidades do Sesc de Petrolina e de Garanhuns, e que, até o dia 22 de maio, ocupa a unidade de Goiana, com direito à visita guiada pelo artista na abertura marcada para esta quinta-feira (12), às 19h.

"Eu me inspiro nas contradições que formam nossa história e identidade, enquanto Nordeste e Brasil, cheio de complexidades e diferenças sociais, raciais e educacionais. É esse o trajeto de cada uma das três caravanas", conta Jonathas, que, para a cidade da Zona da Mata pernambucana, incrementou a exposição com lambes espalhados pelo município, com imagens dos projetos. "É muito especial ver tudo isso circulando", celebra.

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Com incentivo do Funcultura do Estadual, a expografia da "Caravana" tem a assinatura dos arquitetos Marcelo Rosenbaum e Natália Paes, responsáveis pela disposição dos mais de dez trabalhos de Jonathas inseridos nos ambientes do Sesc em Goiana. No pátio central, por exemplo, e entre as árvores, estão os “Cartazes do Museu do Homem do Nordeste”, reproduzidos em tecido; já as camisetas de papelão de “Suar a Camisa”, interagem com o acervo do Museu de Arte Sacra que integra o espaço.

"É uma oportunidade incrível de mostrar esses trabalhos em cidades do interior. Em 13 anos de carreira tenho mostrado os projetos em museus, galerias, cidades do Brasil e no exterior, mas no Nordeste e em se tratando do interior, por causa da contingência de cultura e educação, se torna mais incrível expor esses mergulhos dentro de questões históricas de exploração, identidade e outras questões urgentes que precisam ser revistas e repensadas".

Para além dos desdobramentos da arte que provoca e desperta, tal qual faz Jonathas Andrade quando revisita, por exemplo, rastros deixados pela história, relações de poder e questões de raça e de classe, como artista, ele coloca o universo cultural como "projeto de educação, pedagogia e autonomia fundamentais para um povo", entrelaçando tudo isso a investimentos tidos por ele como de "ordem maior". "Neste momento do País, ter fundos e instituições que apoiam a cultura são coisas muito valiosas, e só fortalecem e deixam um espírito crítico nos debates e nas escolhas das pessoas", complementa.

Com acesso gratuito, a exposição em Goiana encerra a sequência da “Caravana Museu do Homem do Nordeste”, tomada por fotografias, vídeos, desenhos e instalações inspiradas pelos ares do Nordeste. Para o 'mundo', em 2020, Jonathas segue com obras inéditas em mostra na Galeria Vermelha (São Paulo), em exposição individual no museu de Fotografia Foam, em Amsterdam (Holanda) e para Paris, na França, ele leva uma seleção de exposições coletivas em espaços dedicados à arte contemporânea: a primeira no Centro Georges Pompidou, com “40 Nego Bom é 1 real”, adquirido para a coleção do museu e em Palais de Tokyo, ele chega com o trabalho “Suar a Camisa”.

"A trajetória tem sido intensa e de muita troca, nessas viagens acabo entendendo que esses projetos tratam de questões locais mas conversam, também, com aspectos universais como o trabalho, a exploração do pós-colonial, o racismo, as hierarquias e outras cicatrizes históricas", conclui.

Serviço
Exposição 'Caravana Museu do Homem do Nordeste', de Jonathas de Andrade
Sesc Goiana (Rua do Arame, s/n, Centro)
Abertura nesta quinta (12), 19h, com visita guiada do artista.
Acesso gratuito

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