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TUDO POR UMA SEGUNDA CHANCE

Novela vertical: formato estreia nesta terça (25) nas redes sociais

Com episódios de até cinco minutos e formato vertical, microdramas são planejados sob medida para quem consome narrativas com o polegar

Novela vertical estreia novo formato para quem consome redes sociaisNovela vertical estreia novo formato para quem consome redes sociais - Foto: Globo/Fábio Rocha

O gesto de segurar o celular na vertical, tão automático quanto qualquer outro gesto, está redefinindo a forma como as histórias são contadas. Depois do rádio, da TV e do streaming, a novela chega agora à palma da mão, em episódios curtos, ágeis e feitos sob medida para as telas verticais. 

O formato, batizado de “novela vertical” ou “microdrama”, é a nova aposta da TV para atrair o público das redes sociais e reconectar a ficção ao hábito cotidiano de rolar o feed.

A lógica é simples, mas estratégica: episódios de dois a cinco minutos, trilha sonora acelerada, cortes rápidos e ganchos ao fim de cada cena. Como se fosse um folhetim condensado, sem espaço para distração. As tramas, filmadas no formato vertical, são pensadas para o consumo no celular, seja no intervalo do trabalho, no transporte público ou entre notificações.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Tramas na vertical
O primeiro título do gênero a chegar ao público será “Tudo por uma Segunda Chance”, produzido pelos Estúdios Globo, com roteiro de Rodrigo Lassance e direção de Adriano Melo.

Com 50 episódios de até três minutos, o microdrama acompanha o triângulo amoroso em torno do herdeiro Lucas Trajano (Daniel Rangel), dividido entre Paula (Débora Ozório) e Soraia (Jade Picon).

A série terá integração direta com a novela “Dona de Mim”, das 7, permitindo que os universos coexistam e ampliem a experiência narrativa, uma estratégia que mistura TV, streaming e redes sociais.

 

Na sequência, a plataforma Globoplay lança “Cinderela e o Segredo do Pobre Milionário”, estrelada por Gustavo Mioto e Maya Aniceto, em dezembro. Com o mesmo número de episódios curtos, a trama revisita o clássico conto de fadas em tom sertanejo e contemporâneo.

Na história, uma cantora e mãe solo se apaixona por um milionário que finge ser artista pobre. Parte dos episódios será gratuita no YouTube e no próprio Globoplay, com acesso completo para assinantes, um modelo híbrido entre entretenimento e estratégia digital.

Narrativa seriada
Mas se o formato é novo, a lógica é antiga. Desde os folhetins do século XIX, passando pelas radionovelas e pelas telenovelas diárias, a força da narrativa seriada sempre focou em prender o público por meio da emoção e do gancho. A diferença é que, agora, o “próximo capítulo” dura poucos segundos e a paciência do espectador também.

O avanço tecnológico e a mudança de hábitos de consumo empurraram a ficção para o território do imediatismo. Plataformas como TikTok, Kwai e Instagram criaram uma nova gramática audiovisual, na qual a verticalidade é natural e o tempo é o recurso mais escasso.

“Assistir uma novela” deixou de ser um ritual coletivo no sofá e virou um hábito fragmentado, íntimo, acessado entre mensagens e notificações.

Em entrevista à Folha de Pernambuco, o escritor, curador e coordenador do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, Luiz Joaquim, comentou se essas novas produções audiovisuais seriam o futuro da ficção ou apenas um reflexo passageiro da era do toque rápido: “Não acho que seria o futuro, mas sim uma tentativa para entender o mercado e o impacto comercial”, disse o coordenador.

Não é de hoje que a individualização do consumo audiovisual vem se desenvolvendo, principalmente com o avanço da tecnologia. Sobre esse assunto, Luiz diz: “eles [as empresas] estão fazendo o que tem que fazer, que é investir em novos formatos. Mas é difícil prever o êxito ou o fracasso desse experimento”. 

“Acredito que compartilhar emoções com pessoas que você conhece ou não seja a mais enriquecedora. Ao mesmo tempo, podemos ser surpreendidos com projetos verticais impressionantes, não podemos prever”, finaliza. 

Na prática, a novela vertical representa o encontro entre o clássico e o contemporâneo: o melodrama das antigas em um formato moldado pelo ritmo das redes. Uma tentativa de resgatar a emoção do folhetim num tempo em que as histórias precisam caber no intervalo entre dois stories.

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