Praia de Boa Viagem se torna inspiração para projeto visual sobre barraqueiros; veja imagens
Fotógrafo Guga Renato investigou as relações sociais que permeiam a atividade dos profissionais na Praia de Boa Viagem
O projeto “Barraqueiros: um imaginário da Praia de Boa Viagem - Recife/PE” é o novo lançamento do fotógrafo Guga Renato.
Lançado no último domingo (2), o ensaio tem objetivo de apresentar um olhar sensível, genuíno e aguçado acerca do dia a dia de uma das categorias profissionais mais representativas da orla da Praia de Boa Viagem.
A pesquisa fotográfica, que conta com apoio do Sistema de Incentivo à Cultura da Prefeitura do Recife, é fruto de um trabalho de investigação observativa realizado ao longo de seis meses.
Durante o período de imersão, o fotógrafo analisou o cotidiano e o entorno social dos barraqueiros, assim como os perfis do público que frequenta a Praia de Boa Viagem e que consome no local.
COMO ACESSAR ENSAIO BARRAQUEIROS: UM IMAGINÁRIO DA PRAIA DE BOA VIAGEM
O resultado pode ser conferido no ensaio fotoetnográfico disponível no site do projeto (https://gugarenato.com/barraqueiros/).
Ao todo, 90 fotografias compõem o acervo da mostra virtual. O material também pode ser acessado por meio do perfil @projetobarraqueiros no Instagram.
Como explica o pesquisador, as fotografias foram produzidas a partir dos territórios e dinâmicas culturais que envolvem a atuação dos barraqueiros na Praia de Boa Viagem.
Ele ressalta que a análise e a preservação imagética da realidade de tais profissionais permite a proteção dessa ocupação da orla e das suas relações de trabalho e lazer.
“A cada visita, descortinou-se a tensão sobre questões ambientais que relacionam as atividades dos barraqueiros e a poluição da praia urbana”, comenta.
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PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE COMUNIDADES
Além disso, reforça Renato, tanto a observação do cotidiano dos barraqueiros, quanto do público, banhistas e esportistas, contribui para análises sociais que incluem variáveis de gênero, raça, classe, faixa etária e pertencimentos.
“Barraqueiros que têm seus pontos próximos a hotéis possuem maior rotatividade em relação aqueles que têm prontos próximos à parte mais residencial da orla”, disse.
Renato acrescenta que, além da prestação de serviço, os barraqueiros estabelecem uma espécie de imã que atrai seus clientes, formando comunidades.
“Essa interação social torna comum a formação de grupos distintos, a exemplo de membros da comunidade LGBTQIA+, ou da chamada família tradicional, chegando até a distinção de classes. Tudo influencia, do atendimento, à parada do ônibus e até mesmo a ausência dela”, pontua o pesquisador.
Durante o período de investigação fotográfica, ele percorreu diferentes vezes toda a extensão da orla da Praia de Boa Viagem, desde o perímetro inicial até o final do bairro. O trajeto conta com aproximadamente 11 km.
IMERSÃO NA PRAIA DE BOA VIAGEM
Ele relembra, ainda, que antes mesmo de iniciar a produção das fotografias, esteve no local como visitante comum para vivenciar ainda mais a experiência imersiva.
“Eu sentia a necessidade de uma metodologia imersiva, para não atuar como um fotógrafo ‘alheio’ ao cenário”.
O processo foi acompanhado pela orientadora Isabella Valle, doutora em comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) .
“Em uma das conversas que tive com a orientadora Isabella Valle sobre a metodologia a ser usada, fui desperto para a ideia de que, enquanto investigador, também me torno parte desse universo instaurado pelos barraqueiros” frisa Guga Renato.