"Realidade compartilhada": conheça a nova aposta para atrair o público de volta aos cinemas nos EUA
Enquanto os cinemas, fragilizados pelo domínio do streaming, buscam estratégias para recuperar a audiência, rede americana "tenta criar uma experiência nova e viciante"
Um jogo de luzes, às vezes hipnótico, o som envolvente e a tela no formato de domo: uma nova experiência imersiva tenta atrair o público de volta aos cinemas nos Estados Unidos. Esta é a aposta do teatro Cosm, em Los Angeles, que com seu formato singular lança este mês uma versão em "realidade compartilhada" de "Matrix", o cultuado filme de 1999 que virou um sucesso de bilheteria.
Enquanto os cinemas, fragilizados pelo domínio do streaming, buscam estratégias para recuperar a audiência, o Cosm "tenta criar uma experiência nova e viciante", disse Jeb Terry, presidente e diretor-executivo do empreendimento. A chave, acrescentou, está em agregar valor ao espectador por seu tempo na sala de exibição.
"Por isso, as luzes, a escala, o serviço", explicou em uma conversa após a projeção do filme para a imprensa. "Acredito que este é o verdadeiro caminho a seguir".
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O Cosm tem duas salas nos Estados Unidos, em Los Angeles e Dallas, e planeja abrir outras duas, em Detroit e Atlanta. A empresa trabalha com projeções artísticas como "O", do Cirque du Soleil, e eventos esportivos, com câmeras posicionadas no local para colocar o espectador dentro da quadra.
O personagem Morpheus aparece na tela com uma exibição estendida da pílula vermelha e da pílula azul — Foto: Patrick T. Fallon / AFP"Matrix em realidade compartilhada" é sua primeira aposta cinematográfica em associação com os estúdios Warner Bros. "A realidade compartilhada é sobre revitalizar o cinema e o público", disse à AFP Alice Scalice, vice-presidente de desenvolvimento e entretenimento do Cosm.
"Matrix", o filme distópico protagonizado por Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss e Laurence Fishburne, foi "a escolha perfeita" para estrear no setor do cinema, comentou.
Cenários em 3D
O dramático prolongamento e o movimento da tela, que ganha outra dimensão para além do retângulo tradicional, envolve o espectador em um jogo de ilusões a ponto de colocá-lo dentro do cubículo de "Neo", o herói da trama. Um menu temático alimenta a experiência, a começar pela possibilidade de escolher entre a "pílula vermelha" e a "pílula azul", nomes dos coquetéis criados para a exibição.
A proposta foi inspirada na ópera parisiense, explicou à AFP Jay Rinsky, fundador do Little Cinema, um estudo criativo especializado em experiências imersivas.
— Deixar que o filme seja o cantor, seguir o tom, ressaltar as emoções, mas contar a história ao redor através da luz, do design da produção, de ambientes tridimensionais — comentou Rinsky. — E isto nos permitiu pegar 'Matrix', que é uma obra-prima do cinema feita como um retângulo e adaptá-la com desenhos de cenários em 3D e técnicas de iluminação (...) e fazer com que o público se sinta como se estivesse dentro do filme — acrescentou.
O resultado impressionou alguns dos primeiros espectadores, como o influenciador Vince Rossi.
— Senti como se fosse uma experiência. Foi quase como se estivesse em um parque temático sobre o filme — disse Rossi.

