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RECIFE

Valorizando a cultura sertaneja, livro "Sertão: O Imaginário das Grandes Imensidões" é lançado

Obra de Anselmo Alves e Adriano Mendes reúne literatura e fotografias para retratar um Sertão vivo e plural, passando ao largo dos clichês

Anselmo Alves e Adriano Mendes lançam livro no Recife Expo CenterAnselmo Alves e Adriano Mendes lançam livro no Recife Expo Center - Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

Na tarde deste sábado (31), o Recife Expo Center, localizado no bairro do Recife, foi palco de um encontro com as raízes nordestinas. 

O lançamento do livro “Sertão: O Imaginário das Grandes Imensidões”, obra produzida pelo jornalista e escritor Anselmo Alves, com fotografias do médico e fotógrafo Adriano Mendes, reuniu o público para celebrar um retrato do Sertão “livre dos clichês”.

Amigos, admiradores e familiares marcaram presença, garantindo seus exemplares e participando de uma tarde de autógrafos. O clima foi de emoção, com sorrisos e muitas conversas sobre as paisagens, histórias vividas e personagens retratados na obra literária.

Público presente no lançamendo do livro “Sertão: O Imaginário das Grandes Imensidões” | Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

Para além da imagem árida e sofrida, historicamente atribuída à região, a obra de 300 páginas convida o leitor a explorar um Sertão alegre e cheio de vida.

O livro combina imagens com trechos literários retirados de clássicos publicados ao longo dos últimos cem anos, como "Vidas Secas", de Graciliano Ramos.

Natural de Serra Talhada, o autor Anselmo Alves falou sobre a decisão de escrever o livro e o impacto do projeto.

“Esse livro é uma grande viagem ao Sertão, que é infinito. Não adianta tentar fotografar, poetizar, cantar o Sertão sem ter vivido ele. É uma cultura muito forte e está ameaçada em todos os sentidos. Esse livro tem uma coisa diferenciada dos outros. Selecionamos vários livros dos últimos 80 anos para contextualizar, então tem muito conteúdo. É tão belo, tão profundo, criou uma comoção tão grande que passa a ser um manifesto poético. Salvem o Sertão”, pontuou.

Anselmo Alves, autor do livro | Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

O livro
O projeto nasceu do vínculo familiar entre Anselmo e Adriano. Cunhados e parceiros nessa empreitada, os dois percorreram, juntos, o Sertão, incluindo o trajeto que faz parte da famosa canção “Riacho do Navio”, de Zé Dantas.

O roteiro começou em Belo Jardim e seguiu por locais simbólicos, como o próprio Riacho do Navio, o rio Pajeú, Salgueiro, Brejo de Triunfo, até alcançar a cidade Princesa Isabel, na Paraíba.

As fotografias, capturadas ao longo desse trajeto, apresentam rostos, paisagens, festas e animais que ilustram a força cultural, social e econômica do povo sertanejo. 

Algumas das fotos registradas por Adriano Mendes estavam expostas no local do lançamento | Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

Segundo o designer responsável pela diagramação do livro, Ed. Oliveira, o projeto cumpre um papel fundamental.

“Esse livro é uma oportunidade não só de manter vivas as histórias do Sertão ou gerar identificação por parte daqueles que já conhecem o lugar, mas também levar o Sertão real para as pessoas que ainda não o conhecem. É uma satisfação fazer parte de todo esse processo”, conta.

Ed. Oliveira, designer responsável pela diagramação do livro “Sertão: O Imaginário das Grandes Imensidões”. Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

Já o fotógrafo Adriano Mendes, nascido em Cajazeiras, no interior da Paraíba, destacou a importância de retratar um Sertão longe dos estereótipos da grande mídia.

“Notamos que faltava algo belo no Sertão, e sua cultura vem se modificando. Precisávamos mostrar algo belo que existe, sem estereótipos, uma mídia real. Mostramos o Sertão verdadeiro, que dá certo, numa junção de fotografia com releitura e textos. O livro se desenvolve como cinema, e queremos que o Sertão seja rediscutido. Essa é a nossa cultura, nossa valorização, e foi para isso que fizemos esse livro”, disse.

Adriano Mendes, fotógrafo responsável pelos registros que ilustram o povo sertanejo na obra literária. Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

Publicado de forma independente, com apoio da Baterias Moura, o livro foi definido pelos autores como um documento para a posteridade - uma obra pensada para chegar a escolas, bibliotecas e espaços públicos, ajudando a perpetuar o sentimento de pertencimento e orgulho da cultura sertaneja.

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