Tizuka Yamazaki grava filme sobre episódio importante da história de Pernambuco
Filmagens de "1817 - A revolução esquecida", dirigido pela cineasta radicada em São Paulo, ocorrem até a próxima sexta-feira na capital pernambucana
Um dos mais importantes momentos históricos de Pernambuco, em breve, deve ser levado à telinha pelas mãos de Tizuka Yamazaki. A cineasta gaúcha (que dirigiu "Parahyba mulher macho" e "Gaijin", entre outros) está no Recife para as filmagens de "1817 - A revolução esquecida", filme produzido para a TV Escola e que mistura ficção e documentário.
As gravações das cenas ficcionais terminaram ontem, no Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José. A partir de amanhã, a equipe retoma os trabalhos, colhendo depoimentos de especialistas sobre o tema.
Tizuka e sua equipe chegaram à capital pernambucana no início de julho e permanecem até o dia 21. Desde então, eles têm realizado filmagens em locações espalhadas pela cidade, como o Sítio de Pai Adão, o Forte do Brum, a ponte Maurício de Nassau, o Marco Zero e a Avenida Cruz Cabugá e o Pátio de São Pedro.
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De acordo com a diretora, o mau tempo no Recife não prejudicou as atividades. "Quando a chuva dava uma trégua, a gente corria para filmar. Conseguimos nos adequar a esse clima meio instável e o cronograma seguiu sem problemas", revela.
Baseado no romance "A noiva da revolução", do jornalista Paulo Santos de Oliveira, o filme aborda o movimento emancipatório pernambucano, que eclodiu há 200 anos. No filme, passado e presente se encontram.
"A gente sabia que não teria nem verba, nem tempo para reconstruir os cenários ao modo da época. Então, fizemos uma mistura. Na ponte, por exemplo, gravamos com figurinos de época, mas com carros passando", conta a cineasta.
Para estas gravações, foi necessário interditar, por algumas horas, a Ponte Maurício de Nassau, entre os bairros de Santo Antônio e do Recife, gerando engarrafamento no trânsito no final da tarde e começo da noite da última quinta-feira (13).
"Os protagonistas contracenam entre si e, às vezes, falam para a câmera. Eles são também narradores. Há várias brincadeiras. Por exemplo: o Domingos Martins encontra com o Cabugá na Avenida Cruz Cabugá, quando ele está apontando para uma placa com o nome dele. Depois, eles começam a conversar e voltam para a ficção", afirma a diretora.
Os atores Klara Castanho ("Amor à vida") e Bruno Ferrari ("Liberdade, liberdade") vivem a pernambucana Maria Teodora da Costa e o comerciante capixaba Domingos Martins, casal central da trama. O elenco conta ainda com 24 atores pernambucanos, além de 170 figurantes.
O intérprete paraibano Paulo Vieira interpreta o comandante Leão Coroado, que matou com golpes de espada o brigadeiro Barbosa de Castro (o pernambucano Walmir Chagas, mais conhecido por interpretar o Veio Mangaba), dando início ao levante. "Está sendo um trabalho muito rico. A cena do assassinato, em especial, foi muito emocionante, pois exigia uma contenção, no primeiro momento, e depois, bastante dinamismo", relata Tizuka.
Estreia em outubro
Para a parte documental da obra, serão entrevistadas personalidades como o historiador Leonardo Dantas e o arquiteto José Luiz da Mota Menezes. Além deles, também estão na lista o antropólogo Caesar Sobreira, a historiadora Socorro Ferraz, e a arquiteta Betânia Corrêa de Araújo, diretora do Museu da Cidade.
Com 50 minutos de duração, o filme deve estrear em outubro, abrindo a série "História". A produção foi aprovada graças ao incentivo do banco de projetos da Roquette Pinto Comunicação Educativa, instituição ligada ao Ministério da Educação (MEC), responsável pelos canais públicos TV Escola e TV INES.
Rô Nascimento, figurinista de "1817 - A revolução esquecida", participa de um bate-papo sobre a produção do filme hoje, a partir das 19h, no Marco Pernambucano Da Moda (Rua Da Moeda, 46, Recife Antigo). Na ocasião, a profissional irá falar sobre o processo de criação dos figurinos do longa-metragem. A entrada é gratuita.

