Tony Ramos celebra 60 anos de carreira na ativa: ator vive Abel na novela "Dona de Mim", na Globo
Artista diz que acredita no produto, no formato novela, e de como ele pode impactar a vida das pessoas
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As seis décadas de carreira diante das câmeras trouxeram conquistas preciosas e expressivas para Tony Ramos, que consolidou uma trajetória marcada por talento, dedicação e inúmeros destaques.
Apesar de todo o glamour e prestígio que o cercou ao longo da profissão, o ator de 76 anos, que voltou ao ar como o empresário Abel de “Dona de Mim”, segue movido principalmente prazer de exercer o ofício que adotou ainda na adolescência. “Sou um ator de ofício há 60 anos, que vive e respeita a profissão.
Para mim, fazer novela é continuar acreditando no produto, sabendo que ele fornece empregos e entretenimento para tantas pessoas. Penso na minha querida mãe, que tem 95 anos, e vê televisão nesse horário das sete. Faço novela pensando nela e em pessoas como ela. Nossa missão é maior do que se imagina. Devemos dar o nosso melhor, com a disciplina agradável do humor”, defende.
Em “Dona de Mim”, Abel é o atual presidente da fábrica de lingerie Boaz. Um homem que tem alma de poeta, mas ainda jovem precisou abandonar a paixão pelas artes para ajudar o pai na empresa.
A trama de “Dona de Mim” é sua primeira novela após uma cirurgia delicada no cérebro. O que o motivou, menos de um ano depois, a encarar um trabalho tão longo?
Em outubro do ano passado, durante um jantar, a Rosane Svartman foi me apresentando a ideia, encaminhando as abordagens dos temas e da diversidade. Fiquei tão encantado que ela nem precisou terminar. Logo já perguntei quando começávamos a gravar (risos).
Desde a cirurgia, você tem mantido uma agenda intensa de trabalho, principalmente no teatro e na televisão. Como foi essa retomada ao trabalho?
Estava fazendo minha peça em São Paulo, “O Que Só Sabemos Juntos”, e filmando, no Rio, nas folgas, “A Lista”, com Lília Cabral. Enquanto rodava o filme simplesmente aconteceu um hematoma subdural.
O hematoma é um acúmulo de sangue. Você tem que abrir (a cabeça). Tive uma convulsão, tive de fazer a segunda cirurgia e a vida seguiu. Quando o Dr. Paulo (Niemeyer Filho) falou: “Bora, vá à luta”, acreditei e fui à luta. A vida seguiu.
Exatamente após essa alta, avisei à nossa produção da peça em São Paulo. Liguei para minha querida colega, companheira e amiga Denise Fraga: “Vamos retomar a peça quando?”. E ela: “A semana que vem, vamos embora”. E retomamos.
E como surgiu o “The Masked Singer” e a novela no meio do caminho?
Alguém me falou que teria o programa especial dos 60 anos da Globo, com personagens de novelas. Modéstia à parte, é ruim de tirar de mim o que sei de novela e o que tenho na minha memória sobre novela.
Já sabia da novela (“Dona de Mim”) desde o final de setembro do ano passado, quando tive algumas reuniões.
Sabia que as gravações iriam começar só no início de fevereiro e fui me preparando. A vida segue, segue normal. Tenho viajado pelo Brasil com a peça e a Denise.
“Dona de Mim” também marca o seu retorno ao horário das sete após quase 15 anos. Estava com saudades de encarar trabalhos mais leves?
Não sou ator de horários. Sou ator de textos, de ideias. De boas ideias. Por isso, sempre fiz novelas das 18h, 19h, 21h e macronovelas, como “O Rebu” e “O Sorriso do Lagarto”. Gosto de encarar bons textos. Novelas respeitam muito os movimentos populares. Amo histórias folhetinescas.
Por quê?
Nunca escondi que gosto de fazer novelas. Gosto de estar em um produto que não é conhecido como um todo. Gosto de ser surpreendido pelo novo bloco de capítulos. Me estimula na confecção de cada movimento da personagem.
Fazer novela é como encontrar um texto que nos aproxima de quem está rua, perto de quem você ouve. Um primo, um tio ou um amigo. É o eco de quem está do nosso lado.
Você encontrou tudo isso no texto de “Dona de Mim”?
A novela está sempre rediscutindo temas. Vamos acompanhando os movimentos e nos inteirando das evoluções sociais e culturais. Eu, por exemplo, não tinha nenhuma identificação com hip hop ou rap (temática tratada na novela das sete).
Procurei me informar. Isso não quer dizer que vou virar um rapper amanhã (risos). Com certeza, não vou. Mas vou saber mais desse universo. A telenovela traz uma cumplicidade popular.
Como assim?
Olha, podem inventar o que quiserem. Temos séries maravilhosas nos mais variados streamings. Mas a telenovela traz essa cumplicidade popular.
Percebi isso fazendo teatro agora em Recife. Teatro lotado nos quatro dias de apresentações. Foi emocionante ver as pessoas falarem da chamada da novela. Não era nem a novela ainda no ar.
Em “Dona de Mim”, você volta a contracenar com Claudia Abreu. Como tem sido esse reencontro no set?
Tenho muitos amigos de longa data nessa novela. O Marcello Novaes é um companheiro de tantas horas, das conversas mais variadas.
A Claudinha é aquela pessoa que a gente gosta sempre. Minha mulher sempre pergunta: “E a Cacau?”. Nós tivemos momentos na Grécia (durante as gravações de “Belíssima”) que foram muito bonitos. São laços que ficam.

