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Economia

77% dos brasileiros sem plano de saúde

Pesquisa do SPC Brasil e CNDL mostra que o preço elevado é o principal motivo para o trabalhador ficar sem assistência

Plano de saúdePlano de saúde - Foto: Divulgação

Para fugir da saúde pública precária, muitos brasileiros optam por contratar de forma privada um plano de saúde, seja ele no formato individual ou empresarial. No entanto, após o País atravessar a maior crise da sua história, com ápice em 2015 e 2016, grande parte da população não viu outra opção a não ser cortar esse custo do orçamento. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), do universo populacional brasileiro, composto por mais de 200 milhões de pessoas, apenas 47,4 milhões têm um plano de saúde.

Corroborando com os números da agência que regula o setor, dados divulgados ontem pelo SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontam que nada menos do que 77% dos brasileiros estão atualmente sem uma assistência médica privada. Ainda de acordo com o estudo, quando esses trabalhadores precisam de atendimento, 45% recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS) e 25% usam o dinheiro do próprio bolso para pagar pelos serviços necessários.

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Entre as maiores reclamações para a manutenção do plano de saúde está o elevado preço praticado pelo mercado de saúde suplementar- de R$439,54, em média, por pessoas. Segundo os consumidores, o valor cobrado torna difícil conciliar os custos essenciais do orçamento familiar com o pagamento da mensalidade do plano de saúde.

"Passei um ano pagando plano de saúde, mas desisti porque utilizava pouco e era muito caro. Eu acho que o valor cobrado pelas empresas deveria ser de acordo com o uso”, diz o comerciante Rener Rufino, de 30 anos, que está há oito meses sem plano de saúde e não tem pretensão de contratar um novo devido ao valor praticado pelo mercado.

Com as despesas apertadas, a atendente Gryslaide Queiroz, de 31 anos, foi usuária de plano de saúde por 7 anos, mas hoje, com orçamento apertado, prioriza o pagamento apenas para seus filhos, de 8 e 13 anos. “Se eu ganhasse mais dinheiro, com certeza voltaria a pagar para mim, afinal, conseguir atendimento no SUS é bem complicado”, explica.

A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) afirmou à Folha que alertou para a queda de beneficiários de assistência privada desde o início de 2015. Essa perda já soma 3,1 milhões de beneficiários que voltaram a depender exclusivamente do já esgotado Sistema Único de Saúde.

“A Abramge reforça, mais uma vez, que a atual crise econômica do Brasil é o principal motivo para a movimentação negativa, pois o setor é impactado diretamente pelo número de empregos formais e queda de renda da população”, aponta a entidade sem fins lucrativos que representa as operadoras de planos de saúde.

Para o economista do Instituto Fecomércio-PE, Rafael Ramos, a recuperação desse setor vai demorar, uma vez que o desemprego ainda é muito alto e os empregos que estão sendo recuperados em sua maioria são informais, o que representa a retirada de alguns direitos.

Além disso, o rendimento médio do trabalhador sem carteira assinada é menor que o do formal, o que dificulta a contratação do plano pela própria pessoa. “A renda da maioria da população ainda é baixa, o que mostra desigualdade alta e afeta o acesso a serviços privados, como os planos de saúde”, ressalta o economista.

Abramge reage
Para a Abramge, além do impacto de novos procedimentos, medicamentos e terapias nas coberturas, os hábitos dos médicos e dos clientes também ajudam a encarecer cada vez mais os planos de saúde no Brasil. Segundo a Associação, muitas vezes, os pacientes solicitam aos médicos exames desnecessários e o médico deixa de lado a história, o exame clínico.

A entidade ainda aponta outro grande problema: as faltas às consultas marcadas, com índices entre 25% e 30%. "São consultas às quais o paciente não comparece e não desmarca", explica o órgão, que revela que o desperdício também ocorre quando são feitas consultas aos especialistas, quando em 90% dos casos um médico generalista resolveria.

"Tudo isso encarece o serviço e compromete o acesso de quem perdeu, quem deseja retornar, assim como de quem sempre teve interesse e ainda não pôde contar com a segurança do serviço, apontado como o terceiro maior desejo do cidadão brasileiro", pontua.

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