Ações da Azul chegam a subir 20% e Gol dispara após desistência de conversas sobre fusão
Aéreas haviam realizado memorando de entendimentos sobre possível união em uma só empresa no início de 2025
As ações da Azul chegaram a subir mais de 20% nas negociações desta sexta (26), após a Abra, controladora da Gol, informar ao mercado na noite de ontem que desistiu de uma possível combinação de negócios com a concorrente. Na máxima do dia, o papel chegou a ser negociado em avanço de 22%, aos R$ 1,28.
As ações da Gol também operavam em alta, e chegaram a valorizar 10% na manhã desta sexta-feira. A oscilação no papel fez com que a negociação entrasse em leilão, mecanismo ativado quando há ofertas discrepantes demais do negociado.
O volume financeiro (preço da ação vezes a quantidade de negócios) dos dois papéis ultrapassavam, ainda no meio do pregão, o que foi negociado na quinta-feira. Nas ações da Gol, o volume era o dobro, enquanto nos papéis da Azul, a negociação alcançava 60% do que havia sido negociado ontem.
Leia também
• Sabino anuncia demissão do Ministério do Turismo após nova reunião com Lula
• Alckmin diz que setor empresarial trabalhou junto com o governo para abertura de diálogo com EUA
• Banco Central adia lançamento do Pix parcelado após ataques e desvios milionários
Para o analista de transporte da Genial Investimentos, Ygor Bastos, a decisão reflete a dificuldade no avanço de combinações no setor aéreo, “ ainda mais diante do processo de Chapter 11 da Azul nos EUA”, disse ele em relatório divulgado mais cedo.
Além disso, a cautela diante do negócio pode refletir uma antecipação à possível decisão contrária do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre o acordo de codeshare entre as duas empresas, disse ele.
No início de setembro, o Cade deu prazo de 30 dias para que as companhias aéreas Gol e Azul encaminhassem ao órgão a notificação do contrato de codeshare, para analisar possíveis sobreposições e operações equivalentes a uma fusão, podendo comprometer a coordenação de concorrentes.
Desistência
A Abra, controladora da companhia aérea Gol, informou ao mercado ontem que desistiu de uma possível combinação de negócios com a rival Azul.
Em comunicado ao mercado, a Abra lembra que as duas empresas assinaram um memorando de entendimentos em 15 de janeiro para avançar nas discussões rumo a uma combinação de negócios. O memorando dizia que as discussões poderiam ocorrer em paralelo ao caso do Chapter 11 da Azul, mecanismo nos EUA equivalente à recuperação judicial no Brasil.
Apesar dessa sinalização ao mercado de interesse em unir esforços, o comunicado afirma que "as partes não tiveram discussões significativas ou progrediram em uma possível operação de combinação de negócios por vários meses como resultado do foco da Azul em seu processo de Chapter 11".
A Abra informa que está encerrando as discussões quanto a uma possível transação, embora continue a acreditar no mérito de uma combinação de negócios entre as empresas.
Além disso, em outro comunicado ao mercado, a Gol informa que solicitou à Azul a rescisão dos acordos firmados em maio de 2024 para compartilhamento de voos (codeshare). O objetivo da estratégia comercial à época era conectar suas respectivas malhas aéreas. A Gol informa que como parte do comprometimento com os clientes, vai honrar os bilhetes comercializados dentro dessa parceria.
A combinação de operações entre Gol e Azul criaria uma empresa com grande fatia do mercado. De acordo com dados recentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em agosto, a Latam teve fatia de 41,1%, seguida pela Gol, com 30,1% e pela Azul, com market share de 28,4%.

