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NORDESTE

Aegea vence leilão de concessão para serviços de saneamento em 224 cidades do Piauí

Empresa já atua na capital Teresina e foi a única interessada no certame

Aegea vence leilão de concessão para serviços de saneamento em 224 cidades do PiauíAegea vence leilão de concessão para serviços de saneamento em 224 cidades do Piauí - Foto: Governo do Estado do Piauí/divulgação

A Aegea venceu o leilão de concessão dos serviços de água e esgoto de 224 cidades do Piauí. A empresa ofereceu desconto de 1% sobre a tarifa a ser cobrada pelo serviço e o valor mínimo de outorga, de R$ 1 bilhão.

São 5.253 km de rede de água e 601 km de rede de esgoto a serem construídos, segundo o governo do Piauí. A empresa foi a única interesssada no certame.

Rafael Fonteles, governador do Piauí, disse que o projeto é ousado e único no país a envolver simultaneamento todos os municípios do estado, incluindo a zona rural.

Ele lembrou que o estado tem 3,2 milhões de habitantes e 250 mil quilômetros quadrados, ou seja, tem baixa densidade populacional.

— Isso torna o projeto de universalização de água e esgoto uma tarefa desafiadora — disse Fonteles, lembrando que os investimentos de mais de R$ 8 bilhões estão previstos para os próximos dez a quinze anos e que tem plena confiança que a Aegea cumpra as metas estabelecidas pelo projeto, já que conhece a região. Pelo menos 1,8 milhão de pessoas serão beneficiadas nas cidades contempladas nesta concessão.

O leilão havia sido cancelado, em agosto passado, por falta de propostas. As cidades fazem parte da Microrregião de Água e Esgoto do Piauí (MRAE), com exceção da área urbana da capital Teresina, que já é atendida pela Aegea.

O objetivo da concessão é levar água tratada e esgotamento sanitário a pelo menos 99% e 90%, respectivamente, da população do estado em 15 anos. Hoje, 75% da população possui acesso à água tratada, e apenas 18% ao esgotamento sanitário. O prazo da concessão será de 35 anos.

O principal problema da modelagem anterior, segundo especialistas, era o pagamento integral do valor de outorga antes da assinatura do contrato de concessão, cujo lance mínimo é de R$ 1 bilhão.

Isso gerava um risco importante, já que o operador desembolsaria um valor significativo sem ter a garantia do contrato assinado. Esse item acabou afastando os investidores.

Para mitigar esse risco, o edital determinou agora o pagamento do valor de outorga diluído num período mais longo, com a maior parte paga após a formalização do contrato. Na nova versão, 25% do valor da outorga será paga como condição precedente da assinatura do contrato, 25% quando o concessionário assumir a operação, e o restante em parcelas anuais diluído em vinte anos.

Nove concessões no Nordeste
Com a concessão no Piauí, só na região Nordeste do país, já foram realizadas nove concessões de saneamento básico após o marco legal do setor, em 2020. Foram três certames regionais (dois de Alagoas e um do Ceará) e mais cinco municipais, incluindo os leilões de Crato e Xique-Xique.

Os oito leilões anteriores contrataram investimentos de R$ 12,7 bilhões de investimentos. Mesmo assim, a região é a segunda pior em indicadores de saneamento do país, lembra Marco Botter, CEO da Telar Engenharia, que atua em obras de saneamento na região.

— Mesmo com o avanço do ponto de vista regulatório, com a aprovação do novo marco do saneamento do Brasil, a situação da nossa infraestrutura neste segmento ainda é vexatória — explica.

O Piauí tem o pior índice de cobertura de saneamento do Brasil, e no interior do estado, não chega a 10% dos domicílios.

No Nordeste, 72% da população não têm coleta de esgoto e 27,6% não têm acesso à água potável. A região tem o maior percentual de pessoas que usam carro-pipa para abastecimento de água: 3,5% da população. O Nordeste tem um índice de perdas de água de 46,6%, enquanto a média nacional é de 40%. Em países desenvolvidos, a média de perdas é de 10%

Para 2025, são aguardados outros leilões de saneamento importantes no Nordeste, como os de Pernambuco e o da Paraíba.

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