Sáb, 06 de Dezembro

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Tarifaço

Alckmin destaca avanços nas negociações tarifárias com os EUA: "próximo passo é ampliar exclusões"

Vice de Lula afirma que relação econômica com os EUA continua prioritária para o governo

Vice-presidente da República, Geraldo AlckminVice-presidente da República, Geraldo Alckmin - Foto: Cadu Gomes/VPR

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta terça-feira, em uma reunião com empresários brasileiros e americanos, que o próximo passo será excluir mais produtos do tarifaço ou reduzir as alíquotas de até 50% sobre produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos. Ele reiterou que o principal desafio será livrar os produtos manufaturados da medida e citou como exemplos máquinas, motores, produtos industrializados, madeira e até itens alimentares, como o mel.

Alckmin afirmou que a relação econômica com os EUA segue prioritária para o governo brasileiro. Ele destacou a relevância do país como investidor e parceiro comercial e mencionou o que chamou de avanços recentes no processo de redução de tarifas aplicadas pelos EUA ao Brasil.

— Os EUA são o maior investidor no Brasil e o terceiro maior parceiro comercial — disse Alckmin, que também acumula os cargos de vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. — Eles representam 80% da sua importação em manufaturas, produtos industriais de mais alta tecnologia, então são extremamente importantes. A orientação do presidente Lula, desde o início, foi diálogo e negociação — completou.

Geraldo Alckmin lembrou que, na primeira ordem executiva americana, 36% das exportações brasileiras estavam submetidas ao chamado “tarifaço” — 10% mais 40%, totalizando 50%. Disse que a retirada da sobretaxa de 40% de produtos como carne e café, há uma semana, foi o maior avanço até agora nas negociações entre os dois países, e ressaltou que isso ocorreu após conversas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump — primeiro por telefone, depois presencialmente na Malásia.

— Começamos com 36% da exportação brasileira para os Estados Unidos sujeita ao tarifaço. Caiu para 34%, depois 33% e agora para 22%. Então, 22% da nossa exportação estão na tarifa de 50%; 27% estão na Seção 232, onde estamos iguais ao resto do mundo; e 51% ou é zero ou é 10%.

Segundo ele, enquanto as negociações prosseguem, o governo adotou medidas para amparar empresas brasileiras afetadas pelo tarifário americano, incluídas no Plano Brasil Mais Soberano — que estabelece R$ 40 bilhões em crédito, com juros mais baixos e fundo garantidor para empresas que perderam exportações para os EUA.

Brasil na mesa dos americanos
O presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), Abrão Neto, destacou a dimensão da relação econômica entre Brasil e Estados Unidos. Segundo ele, o mercado americano ocupa posição central na pauta exportadora brasileira e no fluxo de investimentos bilaterais.

— Os EUA são o principal destino das exportações brasileiras de bens industriais e respondem por quase metade das vendas de produtos de alta tecnologia, como aeronaves, máquinas e equipamentos. São também o maior mercado para nossas exportações de serviços e o terceiro mercado da agroindústria, incluindo café, carne bovina, suco de laranja, pescados e frutas — afirmou.

Neto ressaltou que, a cada dez dólares investidos no Brasil vindos do exterior, três vêm dos Estados Unidos, que são o maior investidor estrangeiro no país, com estoque superior a US$ 350 bilhões.

Ele enfatizou que o Brasil também está presente no cotidiano americano.

— O Brasil está na mesa do café da manhã e do jantar, nos materiais de construção de casas, prédios e infraestrutura, nos aeroportos e nos céus do país, além dos insumos, peças, máquinas e equipamentos que dão competitividade ao setor produtivo americano — disse.

Segundo o presidente da Amcham, os EUA têm com o Brasil um dos seus maiores saldos comerciais positivos.

— Ao longo dos últimos 15 anos, esse superávit somou cerca de US$ 410 bilhões. Estimamos que, nos próximos três anos, o Brasil vai comprar cerca de US$ 140 bilhões em produtos americanos, como itens do setor de energia, insumos agropecuários, componentes para aeronaves, medicamentos e bens de consumo — enfatizou, acrescentando:

— A eliminação da sobretaxa de 50% para mais de 200 produtos da agroindústria brasileira trouxe alívio para setores que exportam cerca de 4 bilhões de dólares para os Estados Unidos. Mas ainda há bastante trabalho pela frente, já que parte importante das exportações brasileiras continua sujeita a sobretaxas, sobretudo no setor industrial. Esses impactos afetam não só o comércio, mas a previsibilidade dos negócios bilaterais.

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