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TARIFAÇO

Alckmin diz que Brasil abriu "diálogo" com EUA sobre tarifaço

Setor privado participa das tratativas, enquanto Alckmin destaca potencial em energia renovável e subsolo rico em terras raras como trunfos do Brasil

Alckmin diz que Brasil abriu "diálogo" com EUA e cita data center e 'minerais estratégicos' como ativos do paísAlckmin diz que Brasil abriu "diálogo" com EUA e cita data center e 'minerais estratégicos' como ativos do país - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

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Agência O Globo -
economia

O governo brasileiro vê um canal aberto de negociação com os Estados Unidos para tentar reverter o tarifaço de 50% sobre produtos nacionais e pretende usar como trunfos a oferta de minerais estratégicos e a atração de data centers, afirmou o vice-presidente Geraldo Alckmin nesta segunda-feira.

As conversas sobre as tarifas já vinham ocorrendo “há alguns meses”, mas ganharam novo impulso após um aceno do presidente Donald Trump, que elogiou a “boa química” com Luiz Inácio Lula da Silva durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Alckmin destacou que o Brasil pretende aproveitar o interesse americano em terras raras e minerais estratégicos, reforçando a intenção de manter a cadeia produtiva dentro do país.

— O Brasil tem um subsolo maravilhoso né. Nós temos um subsolo muito importante e temos terras raras, minerais estratégicos. Queremos agregação de valor no Brasil. Tem muita possibilidade de integração produtiva — disse Alckmin em entrevista À CBN nesta segunda-feira.

O vice-presidente falou ainda sobre o programa ReData, criado para atrair data centers, lembrando que o Brasil é o terceiro país com maior geração de energia renovável do mundo.

— Data center consome muita energia. Então, nós temos boas possibilidades, isenção de impostos para aqueles equipamentos que não tem produção nacional. É um grande estimulo para poder trazer data center para o Brasil e a gente poder ter investimentos aí que extrapolem trilhão de reais — afirmou.

As negociações também ganharam fôlego após uma ordem executiva da Casa Branca, há cerca de duas semanas, que zerou tarifas para celulose e ferro-níquel, produtos de peso na balança comercial brasileira.

— Isso equivale a US$ 1,7 bilhão. Acho que teremos novos passos, porque o Brasil não é problema para os EUA — ressaltou Alckmin.

Alckmin lembrou que o Brasil continua diversificando mercados, citando acordos já fechados do Mercosul com Singapura e EFTA e a expectativa de assinatura de um pacto com a União Europeia até o fim do ano.

Para o vice-presidente, a combinação de aproximação com os EUA, novos acordos comerciais e uma eventual queda de juros pode impulsionar o crescimento econômico.

Selic, inflação e agenda econômica
Na entrevista, Alckmin também abordou o cenário interno. Ele defendeu uma redução mais rápida da taxa Selic, hoje em 15% ao ano — o maior patamar em quase duas décadas — para aliviar o custo do crédito e a dívida pública.

— Queda do dólar e de alimentos ajuda a derrubar a inflação. Se nós conseguirmos uma redução mais rápida da Selic o Brasil vai crescer mais — avaliou.

O vice-presidente, que acumula a pasta de Indústria e Comércio, destacou ainda a meta de déficit zero em 2025 e disse esperar que a Câmara aprove nesta quarta-feira o projeto que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil, promessa de campanha de Lula.

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