Banco Central deve manter juros em 15% ao ano nesta semana
Taxa Selic está no maior nível desde 2006
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano na reunião desta semana. Essa é a expectativa majoritária do mercado, reforçada pelos últimos comunicados do BC, que indicaram uma interrupção no ciclo de alta e a necessidade de manter os juros em um patamar elevado por um período “bastante prolongado”.
No encontro anterior, em junho, o Copom elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, levando a taxa ao maior nível desde julho de 2006. A decisão foi justificada pelo cenário de inflação acima da meta, expectativas desancoradas e uma economia que continua operando acima do seu potencial, com mercado de trabalho aquecido e crédito ainda pujante.
A meta de inflação para 2025 é 3%, com tolerância de 1,5% e 4,5%. Porém a previsão do Banco Central é que a inflação só se aproxime da meta a partir do fim de 2026.
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O cenário externo também impõe desafios, com a política fiscal e comercial dos Estado Unidos gerando incertezas e possíveis impactos no câmbio e nos preços. O Copom avalia que, diante dessa conjuntura global e da inflação resistente, é necessário ter cautela para não comprometer o processo de desinflação.
Para o Itaú, a decisão deve refletir a avaliação de que, apesar das projeções de inflação ainda acima da meta, os efeitos defasados da política monetária seguem em curso, enquanto a elevada incerteza global demanda cautela adicional — especialmente em um contexto de nova escalada tarifária, desta vez envolvendo diretamente o Brasil, cujas exportações podem ser impactadas pela maior tarifa anunciada até o momento, de 50%.
"A efetivação das tarifas recentemente anunciadas pelo governo americano reduz o espaço para uma apreciação da moeda, apesar do ambiente global de dólar fraco. Por outro lado, essas tarifas aumentam a probabilidade de um enfraquecimento mais acelerado da economia. Em termos líquidos, os riscos parecem pesar mais na direção de cortes de juros antecipados - por isso, será crucial acompanhar eventuais qualificações do comitê sobre as perspectivas para a atividade econômica", afirma o banco em relatório.
Como a manutenção da taxa já é amplamente precificada, o foco estará no conteúdo e no tom da mensagem.
"É natural que o mercado discuta quando o BC estará em condições de cortar juros e, nesse contexto, alguma forma de forward guidance, ainda que leve, pode ser útil. Acreditamos que o Copom deve manter o discurso prudente, reiterando a necessidade de observar os efeitos defasados da política monetária e a importância de manter a taxa em nível restritivo por tempo suficientemente prolongado", destaca a Warren Investimentos.

