BNDES terá "surpresas importantes" no crédito emergencial contra tarifaço de Trump, diz Mercadante
Presidente do banco de fomento evitou antecipar condições de juros e prazos, mas prometeu agilidade
Sem dar detalhes nem adiantar condições de juros, presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, prometeu agilidade e “surpresas importantes” nas linhas de crédito que o governo federal lançará, como parte do pacote de medidas para mitigar os efeitos negativos da sobretaxa imposta pelos Estados Unidos sobre as exportações do Brasil.
Uma linha de crédito de cerca de R$ 3 bilhões, usando recursos do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), é a peça central do pacote de medidas anunciado na semana passada.
O BNDES já é, atualmente, o operador financeiro do FGE. Segundo Mercadante, o banco de fomento vai “coordenar” a aplicação das medidas, mas o desenho final do pacote, incluindo as condições de juros e prazo da linha de crédito e as condições exigidas das empresas para recorrerem a ela, será definido pela equipe econômica, em Brasília.
– Vamos ter surpresas importantes, que serão inovações muito importantes nessa linha – afirmou Mercadante, em entrevista na apresentação dos resultados do BNDES no segundo trimestre. – Assim que o presidente Lula bater o martelo sobre como será, o BNDES está pronto para acelerar e fazer da forma mais rápida e eficiente.
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Mercadante comparou o pacote de contingência para enfrentar o tarifaço de Trump com as medidas de apoio às empresas do Rio Grande do Sul na reconstrução dos estragos provocados pelas enchentes que assolaram o estado na virada de abril para maio de 2024. E prometeu agilidade:
– No Rio Grande do Sul, no crédito direto do BNDES, aumentamos em seis vezes a velocidade de aprovação (de empréstimos).
O presidente do BNDES sugeriu que as empresas que serão potencialmente beneficiadas pelas medidas de apoio se preparem. Mercadante indicou que a linha de crédito terá também empréstimos indiretos, repassados pelos bancos comerciais e, por isso, será importante que as firmas procurem as instituições financeiras com as quais trabalham:
– Seria prudente que as empresas, assim que for liberada a linha, trabalhem com os bancos em que elas já são clientes, porque isso acelera o desembolso.
Mercadante sinalizou ainda que a definição dos critérios para decidir quais empresas terão direito a acessar o apoio federal ficarão a cargo “do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e da Receita Federal”.
– Eles têm os dados de quem exportava e do quanto perdeu. A partir daí, podemos entrar com muita agilidade para resolver – disse Mercadante.
O FGE tem patrimônio de R$ 53,8 bilhões, e registrou lucro de R$ 1,7 bilhão no primeiro semestre, conforme relatório de gestão elaborado pelo BNDES. Criado em 1997, como parte do sistema nacional de financiamento ao comércio exterior desenhado no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o FGE serve para cobrir o Seguro de Crédito à Exportação (SCE), que garante os financiamentos às exportações de bens e serviços.
No pacote de medidas contra o tarifaço, o FGE passará por uma reforma estrutural. A ideia é usar o fundo como fonte de recurso para operações de crédito com juros mais baixos a empresas dos setores mais afetados pela perda das exportações para os EUA.

