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MERCADO

Bolsas asiáticas e europeias desabam por temor de guerra comercial em larga escala

O presidente dos Estados Unidos desencadeou uma tempestade nos mercados com o anúncio de uma série de tarifas sobre países de todo o mundo, incluindo seus principais parceiros comerciais

Bolsa de valores em Hong KongBolsa de valores em Hong Kong - Foto: Peter PARKS / AFP

A guerra comercial desencadeada pelas tarifas anunciadas por Donald Trump causou mais um dia sombrio nesta segunda-feira (7) para as bolsas de valores da Ásia e da Europa, que temem uma recessão em larga escala.

Após as quedas maciças de quinta e sexta-feira, as bolsas europeias vivenciaram mais um dia de caos devido à guerra comercial desencadeada pelo presidente Donald Trump. Às 10h00 GMT (07h00 no horário de Brasília), o índice pan-europeu Eurostoxx 600 caía cerca de 5%.

No mesmo horário, Frankfurt (-4,30%), Paris (-3,9%), Londres (-3,80%) e Madri (-4,4%) sofreram quedas acentuadas.

Em apenas alguns dias, mais de 1,5 bilhão de euros (1,64 bilhão de dólares ou 9,4 bilhões de reais) de capitalização do mercado de ações desapareceram na Europa.
 

Na Ásia, a Bolsa de Tóquio fechou no vermelho (-7,8%), assim como as de Seul (-5,6%), Sydney (-4,2%) e Taiwan (-9,7%).

Xangai também teve queda expressiva (-7,34%). Em Hong Kong, o índice Hang Seng desabou 13,22%, o pior resultado em uma sessão desde 1997, durante a crise financeira asiática.

Wall Street, que registrou seu pior dia desde 2020 em duas sessões na semana passada, com perdas de cerca de 6 bilhões de dólares (34,6 bilhões de reais) em capitalização de mercado, também deve abrir em baixa.

Trump desencadeou uma tempestade nos mercados na semana passada com o anúncio de uma série de tarifas sobre países de todo o mundo, incluindo seus principais parceiros comerciais, como China e União Europeia.

O presidente acusa estes países de "saque" e, em consequência, decidiu impor uma tarifa universal de 10% a todos os produtos importados pelos Estados Unidos, medida que entrou em vigor no sábado.

A partir de quarta-feira (9) devem entrar em vigor tarifas para os principais parceiros comerciais de Washington, incluindo a União Europeia (20%) e China (34%).

Na Europa, os ministros do Comércio Exterior se reuniram em Luxemburgo nesta segunda-feira para "preparar" uma resposta conjunta, na qual pedirão uma "mudança de paradigma" e não descartam medidas "extremamente agressivas" contra as tarifas.

Na sexta-feira, Pequim anunciou, em retaliação, tarifas de 34% para todos os produtos americanos a partir de 10 de abril. Também impôs controles de exportação para sete minerais raros, incluindo o gadolínio, que é utilizado em ressonâncias magnéticas, e o ítrio, utilizado em produtos eletrônicos.

O vice-ministro do Comércio chinês, Ling Ji, afirmou durante uma reunião no domingo com representantes de empresas dos Estados Unidos que as tarifas chinesas "protegem firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas, incluindo as americanas".

Trump acusou a China de ser "a maior abusadora" de todas quando se trata de tarifas e disse que Pequim não entendeu seu aviso "aos países abusadores para não retaliarem", escreveu ele em sua rede Truth Social.

Todos os setores afetados
As esperanças de que Trump reconsidere sua política acabaram no domingo, quando ele afirmou que não chegará a um acordo a menos que, primeiro, sejam resolvidos os déficits comerciais.

"Às vezes você tem que tomar um remédio para consertar algo", disse a bordo do Air Force One.

"Até agora, a equipe de Trump não está recuando (...). Está claro que Washington usa as dificuldades do mercado como alavanca para negociar, e não como um sinal que o incentive a mudar de rumo", disse Stephen Innes, da SPI Asset Management.

O diretor-geral do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, alertou em uma carta aos acionistas que as tarifas "provavelmente aumentarão a inflação" nos Estados Unidos.

Nos mercados asiáticos, todos os valores foram afetados, das empresas de tecnologia até os automóveis, passando pelos bancos, cassinos e empresas de energia.

Entre os principais perdedores estão as grandes empresas de tecnologia chinesas como Alibaba, que perdeu mais de 17%, e sua rival JD.com (14%).

Além disso, a preocupação com a demanda fez o petróleo registrar uma queda não vista desde a pandemia de covid-19.

O cobre, um componente vital para armazenamento de energia, veículos elétricos, painéis solares e turbinas eólicas, também ampliou as perdas.

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