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Braskem reforça liquidez com empréstimo de US$ 1 bilhão enquanto busca investidores

Sexta maior petroquímica do mundo contratou assessores financeiros e jurídicos para melhorar sua estrutura de capital

 Braskem disse que a linha tem como foco a implementação de iniciativas de resiliência e de transformação Braskem disse que a linha tem como foco a implementação de iniciativas de resiliência e de transformação - Foto: Braskem/Divulgação

A Braskem, sexta maior petroquímica do mundo, usou pela primeira vez uma linha de crédito de US$ 1 bilhão para reforçar seu caixa. O empréstimo de emergência funciona como uma espécie de reserva para aumentar a liquidez da companhia.

Com a operação, a empresa informou que o caixa disponível chega a US$ 2,3 bilhões.

Em comunicado, a Braskem disse que a linha tem como foco a implementação de iniciativas de resiliência e de transformação, para mitigar os “relevantes impactos decorrentes do prolongado ciclo de baixa de toda a indústria e para o fortalecimento da competitividade da indústria química brasileira”.

Segundo especialistas, o setor petroquímico vem enfrentando um ambiente de margens comprimidas, com a redução da demanda global e o avanço de produtos de baixa emissão, o que vem exigindo mais investimentos das companhias.

Além disso, lembram eles, pesa a tendência de queda nos preços do petróleo no mercado internacional, que caiu da faixa de US$ 80, em janeiro, para os atuais US$ 65.

— A margem comprimida e a necessidade de investimentos em transição vêm elevando a pressão financeira das companhias do setor, em especial da Braskem, que ainda tem um componente fóssil muito elevado e investimentos tímidos em produtos de baixa emissão — diz o consultor Antonio Amaral, da 2A.

No fim de setembro, a Braskem disse que contratou assessores financeiros e jurídicos para auxiliar a companhia na elaboração de um diagnóstico de alternativas econômico-financeiras, visando otimizar sua estrutura de capital.

A Novonor (ex-Odebrecht) detém 50,1% do capital votante da Braskem, enquanto a Petrobras possui 47%. O restante das ações está com acionistas minoritários.

Segundo fontes, a Novonor estaria planejando vender suas unidades industriais de produção de polipropileno no Texas, na Pensilvânia e em West Virginia. No segundo trimestre deste ano, a Braskem registrou prejuízo de R$ 267 milhões, ante um lucro líquido de R$ 698 milhões no primeiro trimestre. Além, disso, a receita líquida caiu 8% no mesmo período de comparação, para R$ 17,857 bilhões.

O uso da linha de crédito ocorre em um momento em que a companhia está em conversas com possíveis investidores. Segundo fontes, a gestora IG4, especializada em reestruturação de empresas, vem desenhando uma proposta com os bancos credores (Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES) da Braskem.

Enquanto isso, o empresário Nelson Tanure, através do fundo de investimentos em participação Petroquímica Verde, aguarda a evolução das conversas do IG4. As negociações com o empresário haviam esfriado devido a falta de garantias em relação ao desastre de Alagoas, quando a mina de sal-gema da companhia afundou o solo na região metropolitana de Maceió, gerando bilhões em perdas.

Na última semana, no entanto, a Braskem informou que o Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a aquisição de ações da NSP Investimentos e, indiretamente, do controle da Braskem, pelo fundo Petroquímica Verde.

A Novonor disse que as tratativas seguem em curso e que “novos termos e condições quanto à potencial transação poderão vir a ser ajustados entre as referidas partes”.

A Novonor tenta, desde 2018, buscar um novo sócio para a sexta maior petroquímica do mundo.

De lá para cá, já houve negociações com LyondellBasell, J&F (holding da família Batista, da JBS), Apollo Global Management, Adnoc (a estatal de petróleo dos Emirados Árabes), Petrochemical Industries Company (PIC), subsidiária da Kuwait Petroleum Corporation (KPC), e a Unipar, principal rival brasileira da Braskem.

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