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BYD dá descontos de até 34% e abre guerra de preços em carros elétricos chineses

Montadora reduz valores cobrados de 22 modelos na China

BYD dá descontos de até 34% e abre guerra de preços em carros elétricos chinesesBYD dá descontos de até 34% e abre guerra de preços em carros elétricos chineses - Foto:

A BYD anunciou reduções de até 34% nos preços de seus veículos elétricos nesta segunda-feira (26), em meio à disputa pela liderança do segmento. Após o anúncio, as ações da companhia despencaram 8,3%, a maior queda entre as empresas do setor listadas na Bolsa de Hong Kong.

Outras concorrentes como a Li Auto, Great Wall Motors e Geely recuaram mais de 5%, refletindo o temor dos investidores com a intensificação da concorrência no setor.

A BYD ofereceu descontos em 22 de seus modelos elétricos e híbridos vendidos na China até o final de junho, reacendendo a guerra de preços no setor. Embora as vendas de veículos elétricos (EVs) tenham atingido recordes anuais, o crescimento vem desacelerando.

Para estimular a demanda fraca — agravada pelo cenário econômico desfavorável da China —, as montadoras do maior mercado automotivo do mundo reduziram preços. Mesmo assim, os estoques nas concessionárias atingiram 3,5 milhões de veículos em abril (equivalente a 57 dias de inventário), o maior nível desde dezembro de 2023, segundo dados da China Passenger Car Association.

Entre os ajustes da BYD, o hatchback Seagull teve seu preço reduzido em 20%, para 55.800 yuans (cerca de US$ 7.780), consolidando-se como o modelo mais barato da marca — que já chamava atenção global por custar menos de US$ 10 mil. O sedã híbrido Seal sofreu o maior corte (34%, ou 53.000 yuans), passando a custar 102.800 yuans (cerca de US$ 14.270).

Recentemente, a BYD tentou esvaziar estoques de modelos antigos, muitos sem recursos de assistência ao motorista — que a empresa prometeu incluir gratuitamente a partir de fevereiro. A estratégia, porém, trouxe desafios, pressionando ainda mais as concessionárias parceiras.

"Embora alguns descontos já vigorassem desde abril, o anúncio oficial reforça quão difícil está o mercado atualmente", escreveram analistas da Morgan Stanley, incluindo Tim Hsiao.

Pressão sobre concorrentes
Os cortes da BYD devem ter um efeito cascata, forçando rivais a reduzirem preços e comprimindo ainda mais as já estreitas margens. Essa pressão tem prejudicado os resultados financeiros de várias montadoras, elevando prejuízos e acelerando a consolidação do setor.

"Esperamos que os concorrentes sigam a BYD", disseram analistas do Citi, citando que a Changan Automobile já anunciou um desconto de 25.000 yuans no modelo Deepal S07, e a Leapmotor ajustou preços de seus SUVs C16 e C11.

O Citi estima que o movimento da BYD tenha aumentado o tráfego em concessionárias em 30% a 40% na semana. Se isso se converter em vendas, a empresa pode manter a trajetória de alta em maio. Em abril, a BYD registrou seu melhor mês de vendas de 2025, reforçando suas chances de bater a meta anual de 5,5 milhões de veículos.

A BYD também avança no exterior: em abril, superou a Tesla em vendas na Europa pela primeira vez, quebrando a hegemonia da rival americana.

Graças à cadeia de suprimentos verticalmente integrada da BYD — que fabrica suas próprias baterias e muitos de seus semicondutores — e à sua escala de produção doméstica, que ajuda a reduzir custos, o impacto da guerra de preços no mercado chinês sobre seu balanço é mais contido do que em outras montadoras.

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