Câmbio depende mais de movimentos do dólar que do real, diz diretor de política monetária do BC
Nilton David esteve em evento organizado pelo Citi Brasil em São Paulo
O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Nilton David, disse nesta quarta-feira que mudanças no câmbio dependem atualmente mais do comportamento do dólar do que dos movimentos da moeda brasileira.
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Segundo ele, o aumento das incertezas globais, com a chegada de um novo governo de Donald Trump nos Estados Unidos, tem pesado mais, especialmente pela atuação mais intervencionista do republicano, que surpreendeu o mercado.
Durante participação na 17ª edição da Equity Conference, promovida pelo Citi Brasil em São Paulo, David lembrou que, no ano passado, a expectativa dos investidores era de que Trump adotasse uma postura com foco na desregulamentação. Com o tempo, no entanto, seguiu para viés “mercantilista”, com maior intervenção econômica.
— Ao longo do ano, o Trump mercantilista começou a aparecer. Não que ele não estivesse ali, mas eu acho que o foco não tinha sido esse.
Sobre a condução da política monetária, David afirmou que o Banco Central não toma decisões com base em um único dado, mas em uma série de indicadores econômicos.
Ele explicou que o anúncio recente de manter a Selic em um patamar elevado por um período bastante prolongado, como registrado na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), significa que o BC precisa de tempo para acompanhar a evolução consistente desses dados, sem fixar um prazo.
— O "bastante prolongado" quer dizer que a gente vai precisar de bastante tempo para ver essa série evoluir como a gente quer. Agora há sinais de que a política monetária está funcionando e que a economia está de certa forma voltando para um ritmo mais dentro do potencial. Hoje o Brasil está em um nível acima do seu potencial — disse.

