Sáb, 20 de Dezembro

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CHINA

Diminuição do desemprego preocupa jovens chineses

Desemprego entre os jovens chineses é de 21,3%, uma porcentagem recorde em um país acostumado ao pleno emprego

Cafeteria em PequimCafeteria em Pequim - Foto: Pedro Pardo/AFP

A China suspendeu a divulgação de dados sobre o desemprego na faixa etária entre 16 e 24 anos, um grande problema da economia que a indignação dos jovens na internet e nas ruas de Pequim já evidenciava.

Segundo os últimos dados, publicados em junho, o desemprego entre os jovens chineses é de 21,3%, uma porcentagem recorde em um país acostumado ao pleno emprego.

O Instituto Nacional de Estatísticas (BNS) indicou na terça-feira (15) que deixará de publicar temporariamente os números do desemprego na juventude, devido à necessidade de "ajustar" os dados nessa faixa etária.

"Tradução: deixe-me encontrar um método estatístico que permita reduzir a porcentagem", escreveu com sarcasmo um usuário da rede social Weibo, a mais importante da China.

"Não me atrevo a imaginar qual é a porcentagem real de desemprego", escreveu outro internauta, enquanto um terceiro afirmou com ironia: "Não público (os números) = não há desemprego".

Concorrência da IA
A suspensão da publicação destes dados tem sido um dos principais temas de debate esta semana no Weibo, uma discutida virtual também presente nas ruas de Pequim.

"Minha especialidade universitária é engenharia ambiental. Mas como o auge da inteligência artificial, não acredito que terei muitas oportunidades no setor de projetos", explica à AFP Li Nuojun, de 18 anos, uma estudante que vive na capital chinesa.

Esta universitária aceitava que tanto ela como seus amigos temem que teriam tido dificuldades para encontrar um bom trabalho quando terminarem os estudos.

"Me preocupa", assegura Li Nuojun, que afirma "tentar não pensar muito nisso agora".

Interesse pelo serviço público
A preocupação é ainda maior entre aqueles que já concluíram seus estudos.

"Está cada vez mais difícil para os jovens encontrarem um emprego. Por exemplo, meu primo e seus colegas de turma preferem continuar estudando", explica Guo, de 35 anos, que trabalha no setor de informática.

"Muitos deles tentam se tornar funcionários públicos", afirma sobre o interesse dos jovens pelo setor estatal diante da precariedade no privado.

Xue, de 29 anos, lamenta que vários de seus amigos tentaram mudar de trabalho, mas não conseguiram.

"Enviaram currículos durante meses e fizeram várias entrevistas de trabalho. Mas nenhuma delas deu certo", explica a jovem à AFP.

"O salário que eles oferecem não é muito alto e é preciso fazer muitos extras. O mercado de trabalho é muito competitivo", garante.

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