Exportações de pneus aos EUA terão taxas de 25% e 50%, diz associação do setor
No acumulado dos primeiros seis meses do ano, foram exportados para os EUA 4,22 milhões de unidades
A indústria de pneus é mais uma que reclama de ter sido atingida pela elevação a 50% do imposto de importação pelo governo dos Estados Unidos. A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), entidade que congrega as empresas do setor, promete manter gestão junto aos governos federal, estaduais, além das federações e confederações de indústrias, para contribuir e apoiar as negociações e ações em curso.
De acordo com a entidade, os pneus agrícolas, de carga e os de motocicletas terão uma tarifa adicional que, somada à emergencial, totalizam 50% a partir de 6 de agosto. Os pneus de passeio, segundo a ANIP, permanecem com taxação de 25%. Em maio, a taxação sobre a entrada dos pneus de passeio do Brasil saltou de 10% para os atuais 25%, enquanto os pneus de aeronaves (não fabricados no Brasil) passaram a ter tarifa adicional de 10%.
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No acumulado dos primeiros seis meses do ano, foram exportados para os EUA 4,22 milhões de unidades. Desse total, 1,45 milhão, ou 34% do total, tiveram como destino o mercado norte-americano. Os pneus de carga somaram 1,32 milhão de unidades, sendo que 502,8 mil, ou 38% das exportações, foram destinados aos EUA. As exportações de pneus agrícolas somaram 54,5 mil unidades no primeiro semestre. Os EUA responderam por 1% dos embarques, ou 392 unidades.
De janeiro a junho, as exportações de pneus de moto somaram 751,5 mil unidades. Os Estados Unidos foram destino de 8% das exportações, com 63,7 mil unidades.
Grande preocupação
"As tarifas de 50% e 25% impostas pelo governo norte-americano trazem grande preocupação", diz Rodrigo Navarro, CEO da ANIP. "Trata-se de mais um desafio a ser enfrentado no contexto do setor. Desde 2020 temos convivido com o crescimento das importações, muitas vezes com valores abaixo do custo (dumping), afetando duramente a indústria no país, assim como os empregos e investimentos, e reduzindo a compra de matérias primas locais", destaca.
"Vamos continuar com os esforços junto aos principais interlocutores, para fortalecer as iniciativas de diálogo com o governo norte-americano", diz Navarro.
A ANIP esteve reunida com o vice-presidente Alckmin e equipe do MDIC, com os governadores de São Paulo e Bahia, além de representande de confederações e federações como CNI, Fiesp e Fieb.
Em 2024, a indústria instalada no Brasil exportou um total de 9,8 milhões de pneus, o que representou 20% do total das vendas do setor. Os Estados Unidos foram o principal destino das exportações, com 3,2 milhões de unidades ou 33,2% do volume exportado. De janeiro a junho deste ano, as exportações somaram 22% das vendas da indústria, totalizando 5,5 milhões de unidades Os EUA responderam por 35,3% dos embarques, de 1,9 milhão de unidades.
De acordo com Navarro, as tarifas trazem prejuízos e afetam as empresas do setor, em especial as que investiram em linhas de produção no Brasil exclusivamente para exportação aos EUA.
São Paulo é um dos Estados mais afetados pelas medidas tarifárias do governo americano. Em 2024, São Paulo concentrou 49,4% dos pneus produzidos para exportação, com nove fábricas. Em 2025, até junho, o índice foi de 52,7%. Depois de São Paulo, a Bahia é o segundo maior estado em exportação de pneus, com 24,3% de participação em 2024 e 21,9% em 2025, em três fábricas Outros estados que também abrigam plantas industriais com operações relevantes em exportação são Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.

