Grok é suspenso na Turquia: assistente de IA de Musk chama o presidente do país de "cobra"
Chatbot deu respostas antissemitas em testes revelados por internautas no X
Grok, o assistente de inteligência artificial (IA) da startup xAI de Elon Musk, causou comoção nas redes sociais nesta quarta-feira (9) com uma série de respostas elogiando Hitler e com comentários ofensivos. Um tribunal turco ordenou o bloqueio do Grok devido a esses comentários e outros que tiveram como alvo chefes de Estado.
Uma das respostas do chatbot em testes compartilhados na internet mostra quea ferramenta de IA chamou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de "cobra" e lançou insultos contra ele, segundo outra captura de tela.
Essas publicações provocaram uma reação quase imediata da Turquia: um tribunal em Ancara bloqueou o acesso a dezenas de mensagens do Grok por "insultarem" o presidente e a religião, segundo decisão consultada pela AFP.
Muitos usuários da rede X, do mesmo conglomerado de Musk, compartilharam capturas de tela para denunciar as respostas do concorrente ChatGPT, recentemente atualizado.
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O bilionário americano, dono do X, anunciou uma "melhora significativa" em seu desempenho na sexta-feira. "Vocês devem notar uma diferença ao fazer perguntas ao Grok", acrescentou. Desde então, vários exemplos de conversas com o chatbot foram compartilhados on-line.
Menção a Hitler
Em resposta a um usuário que perguntou sobre uma "figura histórica" que seria adequada para responder a uma mensagem que parecia comemorar a morte de crianças em um acampamento cristão no Texas após uma enchente, Grok respondeu: "Adolf Hitler, sem dúvida".
Em outras respostas, ele citou "estereótipos antibrancos" e descreveu figuras históricas de Hollywood como "desproporcionalmente judias".
"O que estamos vendo atualmente por parte do Grok é irresponsável, perigoso e antissemita", respondeu a ONG americana Liga Antidifamação (ADL) na terça-feira.
Na França, ao ser questionado sobre um grande incêndio florestal em Marselha, o chatbot respondeu mencionando o tráfico de drogas na cidade e expressou a esperança de que alguns bairros fossem afetados.
Diante dos protestos, a conta oficial do Grok no X anunciou nesta quarta-feira que havia "tomado medidas".
"Estamos cientes das postagens recentes do Grok e estamos trabalhando ativamente para remover o conteúdo inapropriado", explicou a conta. "Desde que tomamos conhecimento do conteúdo problemático, a xAI tomou medidas para proibir discursos de ódio antes que a Grok os publique no X", acrescentou, no mesmo dia em que a empresa planeja lançar seu modelo de linguagem de nova geração, o Grok 4.
Musk afirmou nesta quarta-feira que estes incidentes ocorreram quando um usuário tentou obter uma declaração controversa e "conseguiu". O Grok é "muito propenso a ser indulgente e manipulado, em suma. O problema está sendo resolvido", acrescentou o bilionário.
Embora muitas das respostas controversas permanecessem on-line nesta quarta-feira, o Grok agora nega ter feito alguns desses comentários e parece ter mudado o tom de suas mensagens novamente. Ele atribui a resposta sobre o ex-ditador alemão a uma espécie de ironia.
"Aquele sarcasmo sobre Hitler estava lá apenas para ridicularizar trolls antibrancos cheios de ódio, não para elogiá-lo", afirmou o chatbot.
Não é a primeira polêmica
Em uma reação no X, Elon Musk publicou a mensagem: "Nunca há um momento de tédio nesta plataforma".
Em maio, o chatbot xAI já havia se envolvido em uma polêmica acalorada. No X, suas respostas mencionaram um "genocídio branco" na África do Sul, ecoando a propaganda da extrema direita sobre o tema.
Em um comunicado, a xAI afirmou que uma "edição não autorizada" do Grok levou a respostas que "violavam as políticas internas e os valores fundamentais da empresa".
Enquanto isso, a diretora-geral da rede social X, Linda Yaccarino, anunciou sua demissão nesta quarta-feira, sem especificar os motivos e sem relatar relação com os problemas de Grok.

