Logo Folha de Pernambuco

Impostos

ICMS: limite traz perdas de até R$ 83,5 bilhões

Recursos são referentes à queda na arrecadação com a limitação decorrente da aprovação do projeto que limita a alíquota para combustíveis

De acordo com Décio Padilha, a medida provocará a redução nos repasses para a saúde e para a educaçãoDe acordo com Décio Padilha, a medida provocará a redução nos repasses para a saúde e para a educação - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

A Câmara dos Deputados aprovou na última quarta-feira (25) um projeto que limita a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS, um tributo estadual) sobre combustíveis, energia, gás natural, comunicações e transportes coletivos, o PLP 18/22.

Com isso, a proposta agora vai para o Senado, mas o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), alerta que a medida pode ocasionar em uma perda entre R$ 64,2 bilhões e R$ 83,5 bilhões na arrecadação.
 
A aprovação se deu a partir de um esforço do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para reduzir o preço da energia elétrica e dos combustíveis em ano eleitoral. O regime de urgência para a proposta foi aprovado na semana passada pelo plenário da Casa.

Impactos da medida 
Mas apesar da aprovação, a medida pode acarretar em outros impactos econômicos. Segundo o Secretário da Fazenda de Pernambuco e Presidente do Comsefaz, Décio Padilha, com a limitação, o projeto se torna prejudicial para os estados, já que precisam repassar 12% e 25%, para saúde e educação, respectivamente. Além disso, do total da arrecadação do tributo, 25% é repassado para os municípios.
 
“No momento que se faz uma medida que reduz a arrecadação, você deixa de colocar recursos nessas áreas. Questão importante, é que se todo esse sacrifício não vai resolver o problema da inflação, dos combustíveis. O diesel é responsável por 81% de tudo que é transportado no País. Todo aumento deste ano da Petrobras, mesmo com o ICMS congelado por seis meses, mostra que o imposto não tem interferência. Não se pode resolver algo estrutural de forma rápida, sem pensar, sem ter uma reforma tributária”, disse.
 
Décio Padilha também assegurou que o preço do combustível não sofrerá alterações, fazendo com que a medida não seja eficiente.

“Temos como melhorar esse projeto no Senado, é a expectativa do Comsefaz, vamos pedir uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na semana que vem para discutirmos esse assunto. É importante alternativas que ajudem o País e tenha efetividade. O tributo é estrutural, o ICMS vem congelado a seis meses sem interferir, diferente dos aumentos de mais de 40% da Petrobras”, afirmou.
 
Solução em contas equalizadas
O secretário pernambucano e presidente do Comsefaz, conta que o que pode ser feito para melhorar o ambiente econômico é uma equalização dos dividendos da Petrobras.
 
“A gente vai para uma solução sem alternativa, o barril de petróleo está alto, a volatilidade do dólar que se aproxima da eleição e o combustível pressiona muito. Precisamos de algo que melhore de imediato e está no PLP 1472, que ataca os combustíveis e tem uma conta de equalização, que podia ser alimentada, com 40% dos dividendos da Petrobras para a união, e criaria um fundo, onde a empresa poderia mostrar a sua diferença, sacando dessa conta e iria amortecer aumentos”, disse Padilha.
 
Décio conta que o fundo de equalização iria garantir que os aumentos dos combustíveis impactassem menos os brasileiros. “Se tivesse isso, poderia ter sido no ano só 6% de aumento este ano. A conta hoje segura uma defasagem constante do preço do petróleo, já que 100% da política de preços da Petrobras está atrelada ao dólar”, contou o secretário.
 
Pior cenário
Os estados afirmam que a limitação do ICMS a 17% para combustíveis, energia, telecomunicações e transporte público, aprovada ontem na Câmara dos Deputados e que agora vai ao Senado, pode gerar perdas de até R$ 83,5 bilhões. Esta perda ocorreria, segundo estimativas do Comsefaz, no chamado "pior cenário", caso ocorra alta de 30% dos combustíveis até o final do ano. Nos parâmetros atuais, as perdas são estimadas em R$ 64,2 bilhões. Para os municípios, são perdas de R$ 16,05 bilhões às prefeituras no cenário atual, e de R$ 20,875 bilhões caso os combustíveis continuem subindo de preço.

Veja também

Oscilações políticas dificultam proteção da Amazônia, diz Bill Gates
Entrevista

Oscilações políticas dificultam proteção da Amazônia, diz Gates

CMN autoriza renegociação de crédito rural no Rio Grande do Sul
Rio Grande do Sul

CMN autoriza renegociação de crédito rural no Rio Grande do Sul

Newsletter