Indústria pede negociação e não retaliação, após Trump aplicar exceções ao tarifaço
Confederação Nacional da Indústria também propôs ao governo federal medidas para atenuar efeitos da sobretaxa
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou nesta quarta-feira que a imposição de tarifa de 50% para os produtos brasileiros, oficializada por decreto publicado pelo governo americano, causa "grande preocupação", pois compromete cadeias produtivas, reduz a produção, ameaça empregos e investimentos e contratos de longo prazo.
A entidade descarta, contudo, a possibilidade de retaliação, e reforça que o país deve se manter unido e ampliar os canais de diálogo e de negociação com os Estados Unidos.
— A confirmação da aplicação da sobretaxa sobre os produtos brasileiros, ainda que com exceções, penaliza de forma significativa a indústria nacional, com impactos diretos sobre a competitividade. Não há justificativa técnica ou econômica para o aumento das tarifas, mas acreditamos que não é hora de retaliar. Seguimos defendendo a negociação como forma de convencer o governo americano que essa medida é uma relação de perde-perde para os dois países, não apenas para o Brasil — afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
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O documento da Casa Branca mostra que cerca de 700 produtos brasileiros serão isentos da tarifa de 50% (aumento de 40% nas tarifas já existentes, de 10%). Eles estarão sujeitos à tarifa de 10%.
No entanto, setores como de carnes, café, etanol, máquinas e equipamentos, outros manufaturados ficaram de fora da lista de exceções e enfrentarão o aumento da tarifa.
Do total das exceções previstas, 565 referemse a produtos destinados ao uso da aviação civil. Essas mercadorias não estarão sujeitas à tarifa adicional, desde que comprovadamente destinadas ao setor de aviação civil.
Para mitigar os efeitos da crise, a CNI propôs ao governo medidas como criar linha de financiamento emergencial do BNDES e adiar, por 120 dias.

