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BRASIL

Indústria têxtil pode perder até 20 mil empregos diretos e indiretos por efeitos do tarifaço

Estados Unidos são o 4º principal destino das exportações brasileiras do setor

Indústria têxtilIndústria têxtil - Foto: @fxquadro / Freepik

A indústria têxtil brasileira pode perder até 5 mil empregos diretos e 15 mil indiretos caso as exportações destinadas aos Estados Unidos, pressionadas pelo tarifaço de 50% imposto pelo país ao Brasil, não sejam absorvidas pelo mercado interno ou redirecionadas a outros mercados. A projeção é da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Entre julho de 2014 e junho último, o setor gerou 7,7 mil novas vagas.  

— Esse é o tamanho do prejuízo, mas não estamos jogando com essa perspectiva. Vamos continuar a diplomacia empresarial — defendeu Fernando Valente Pimentel, presidente emérito e superintendente da entidade, durante coletiva de imprensa nesta terça-feira. 

Os Estados Unidos são o 4º principal destino das exportações brasileiras de têxteis, que vinham crescendo anualmente na casa dos 14%. No ano passado, foram US$ 68 milhões transacionados, sendo US$ 46 milhões em produtos têxteis e US$ 22 milhões em vestuário. 

É uma atuação nichada: indústrias brasileiras enviam ao mercado americano principalmente produtos como meias, de moda praia e moda feminina. O consumo massivo de tecidos e vestuário do país é atendido por China e Vietnã. 

Assim como na balança comercial geral, os EUA são superavitários com o Brasil no setor, ou seja, vendem mais ao país do que compram de marcas brasileiras. No ano passado, o saldo ficou negativo em US$ 74 milhões para o Brasil. Ainda assim, os únicos produtos têxteis incluídos na lista de quase 700 isenções do governo americano são os cordéis de sisal. 

Por isso, Pimentel estima que o déficit pode crescer em US$ 38 milhões este ano:  

— Isso é muito ruim. O mercado americano é o maior do mundo e muito seguro depois que você se estabelece. Vamos continuar negociando, e espero que uma hora a razão chegue, porque não há nenhuma razão nessas medidas. 

Nesse cenário, indústrias brasileiras do setor correm para ampliar a penetração dos produtos no mercado interno e reforçar relações com mercados cujas canais já são azeitados, segundo Pimentel. As empresas têm olhado principalmente para países como Canadá e Portugal, dada a grande presença de brasileiros no país. 

No primeiro semestre, a produção têxtil brasileira cresceu 11,4%, na comparação com o mesmo período do ano passado. No vestuário, a alta foi de 1,8% no semestre. O varejo de vestuário também avançou 5,5%. 

Parceria com produtores de algodão

O presidente da Abit também anunciou que, em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), abrirá uma “frente” para produzir e agregar valor a matérias-primas como o algodão no país. 

— Já estamos nos antecipando a acordos, como o do Mercosul com a União Europeia, para que as empresas enxerguem o Brasil como plataforma produtora — afirmou Pimentel.

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