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Keeta inicia operação na cidade de São Paulo em dezembro com investimentos de R$ 1 bilhão

App já conta com 98,2 mil entregadores cadastrados e 27 mil restaurantes; há estudos sobre entregas com drone no Brasil

KeetaKeeta - Foto: reprodução

A Keeta, vertente internacional de delivery da chinesa Meituan, criada em 2023 para impulsionar a expansão global do grupo, inicia nesta segunda-feira suas operações na cidade de São Paulo, após um investimento de R$ 1 bilhão. O aporte faz parte do compromisso anunciado em maio, que prevê R$ 5,6 bilhões no Brasil ao longo de cinco anos.

Além da capital, a plataforma estreia também em Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santo André, Osasco, Diadema, Itaquaquecetuba, Barueri e São Caetano do Sul. A chegada a essas cidades ocorre um mês após a entrada da empresa em Santos e São Vicente, no litoral paulista.

Só na capital paulista, a Keeta já reúne 27 mil restaurantes cadastrados, de grandes redes a pequenos e médios estabelecimentos, e 98,2 mil entregadores. Para comparação, o iFood conta com 450 mil entregadores cadastrados. Durante o piloto em Santos e São Vicente, mais de mil restaurantes e 4,7 mil entregadores se cadastraram até 30 de novembro. Nos primeiros 20 dias de operação, a base cresceu 60% entre restaurantes e 135% entre entregadores.

R$ 200 em cupons por usuário
A empresa também lançou a política de “Horário Garantido”, que prevê compensação em caso de atrasos, com cupons de até R$ 50, modelo semelhante ao adotado pela 99Food. Para atrair novos usuários, haverá um pacote de boas-vindas com até R$ 200 em cupons. As entregas serão gratuitas em mais de 90% dos restaurantes parceiros, e mais de 90% das rotas terão rastreamento completo. No iFood, 60% das entregas são realizadas diretamente pelas lojas, o que não permite rastrear a entrega em tempo real.

 

A Keeta não trabalha por meio de contratos de exclusividade com restaurantes, diferentemente do modelo usado pela 99Food na entrada no mercado brasileiro. Antes do início das operações, a Keeta acionou a Justiça para questionar cláusulas de exclusividade da 99Food, que permitia que os restaurantes cadastrados continuassem operando com o iFood, mas não por meio da Keeta. A 99Food sustenta que a prática é necessária para competir em um mercado dominado por um grande player.

— Quando há acordos de exclusividade entre um restaurante e uma plataforma, quem acaba pagando por isso são os demais estabelecimentos que não fazem parte desse modelo. Eles precisam arcar com uma taxa maior para compensar a taxa reduzida que a plataforma oferece aos restaurantes exclusivos — disse Danilo Mansano, vice-presidente da Keeta no Brasil.

Entregas por drones
O CEO da Keeta, Tony Qiu, disse também que a empresa estuda entregas por drones no país, modelo que já está em funcionamento na China.

— Nós estamos estudando isso no Brasil, porque não há lei que regule isso atualmente. Também precisamos estudar os casos de uso.

A Keeta anunciou ainda que opera no mercado nacional com taxas cobradas aos restaurantes entre 2% e 3% inferiores às praticadas pelos concorrentes.

A Meituan é hoje a maior empresa de delivery de comida do mundo, com 770 milhões de usuários anuais e cerca de 80 milhões de pedidos por dia. No Brasil, já emprega 1.200 pessoas, número que deve subir para 1.500 no próximo ano. A meta da companhia é alcançar 15 regiões metropolitanas até meados de 2026 e cobrir mais de mil municípios até 2030.

A empresa também está trazendo ao país um modelo inédito de compras, chamado “compra intermediada”, voltado para estabelecimentos que ainda não são parceiros do app. Nesse formato, entregadores e assistentes fazem o pedido diretamente nas lojas.

Qiu explica que o sistema manda o pedido diretamente ao restaurante, seja por meio do telefone ou apps próprios. Esse pedido é enviado ao entregador, que retira e leva até o consumidor.

— Dessa forma, nós permitimos aos consumidores fazer pedidos através do restaurante, mesmo que aquele restaurante não tenha uma parceria com a Keeta. Nós temos esse produto na China, onde as pessoas usam serviços intermediados não apenas para restaurantes, mas também para compras em supermercado ou até de celulares.

'Guerra dos apps'
Questionado sobre a “guerra dos apps” — marcada por acusações de espionagem e disputas judiciais entre Keeta, 99Food e iFood — Qiu afirmou que o cenário evidencia a intensidade da concorrência e o tamanho da oportunidade no setor. Segundo ele, o mercado brasileiro, que movimenta mais de US$ 10 bilhões e segue crescendo acima de 20% ao ano, naturalmente atraindo um grande número de empresas interessadas em disputar espaço.

— Se você tem apenas um player, o consumidor e os restaurantes não têm escolha. Agora, há mais dois players chegando, o que é muito benéfico para o mercado no longo prazo. No final, quem pode proporcionar o melhor serviço, quem pode proporcionar a melhor experiência para o consumidor, o restaurante, vai ganhar.

Para os restaurantes, a Keeta promete atendimento humano 24 horas em todas as etapas, desde a entrada na plataforma até a gestão de cardápios e pagamentos, antecipação de recebíveis em 7 dias sem custo e acesso a análises sobre o comportamento dos consumidores.

Já para os entregadores, a empresa separou R$ 100 milhões em ações de apoio. Em dezembro, será inaugurado o primeiro Centro de Suporte ao Entregador da Keeta em São Paulo, na região de Santo Amaro, com área de descanso, água, banheiros e cozinha.

Os entregadores poderão sacar seus ganhos diariamente, sem taxas, e participar de treinamentos presenciais sobre o uso do aplicativo. A companhia também fornecerá capacetes inteligentes, inicialmente para ciclistas e, futuramente, para motociclistas. O equipamento permite comunicar incidentes e identificar rotas mais eficientes, por exemplo.

Entregadores parceiros também podem sacar seus valores da plataforma diariamente, sem taxas, e fazer treinamento presencial sobre o funcionamento do aplicativo. Também serão oferecidos capacetes inteligentes, com tecnologia da Keeta. O equipamento será inicialmente para ciclistas e, futuramente, para motociclistas. Por meio do capacete, o entregador consegue comunicar incidentes e encontrar as melhores rotas.

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