Seg, 08 de Dezembro

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Crédito

Liquidez do FGC sobe a R$ 121 bilhões em meio a receios com futuro do Master

Dados do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) foram divulgados na noite de sexta (5)

Dados de liquidez do FGC são referentes ao primeiro semestre de 2025Dados de liquidez do FGC são referentes ao primeiro semestre de 2025 - Foto: Cris Faga/NurPhoto

A liquidez do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) atingiu 121,1 bilhões no primeiro semestre de 2025. Trata-se de uma alta de 6% em relação aos R$ 114,2 bi do fim de 2024 nos recursos que preparam o segurador para atuar em situações de estresse financeiro.

O patrimônio total do FGC também subiu 6,1% em comparação a dezembro, atingindo R$ 153,5 bilhões. O crescimento foi impulsionado pelas receitas financeiras, que chegaram a R$ 10 bilhões, enquanto as contribuições das instituições associadas ao Fundo somaram R$ 3,1 bilhões.

"Este desempenho reflete a eficiência na gestão dos recursos e o compromisso do FGC em proteger depositantes e investidores no Brasil", diz a instituição.

O FGC e o Master
Os dados do FGC foram divulgados na noite desta sexta-feira, 5, no fim de uma semana que foi marcada pelo veto do Banco Central à venda do Banco Master ao Banco de Brasília (BRB).

O futuro da instituição fundada por Daniel Vorcaro preocupa o mercado. Nos últimos anos, o Master se consolidou com uma estratégia de crescimento agressivo, mas com um modelo de negócios que era apontado com altamente arriscado pelo mercado.

O banco captava recursos oferecendo alta rentabilidade em Certificados de Depósito Bancário (CDBs), um título de renda fixa que tem proteção do FGC para aplicações até R$ 250 mil por CPF; uma garantia que fez muitos investidores pessoa física encherem a carteira com esses ativos. De outro lado, usava esses recursos para comprar ativos com pouca liquidez, como precatórios, direitos creditórios e ações de empresas em dificuldades.
 

 

O BRB disse que não vai desistir da compra e ainda pode propor uma nova configuração para a operação. Se isso não acontecer e o Master não foi comprado por uma instituição privada, o futuro do banco pode ser uma intervenção do Banco Central e até mesmo a liquidação da instituição. Nestes casos, o FGC poderia ser acionado para honrar o pagamento dos títulos emitidos pela instituição.

O censo mensal do FGC, de junho de 2025, indica que os depósitos e investimentos elegíveis à garantia do Fundo totalizam R$ 5,22 trilhões. Com o limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, o total de depósitos a serem cobertos em um eventual problema soma R$ 2,55 tri. Das 622 milhões de contas existentes na instituição, 620 milhões têm um valor de saldo 100% coberto pelo limite da garantia.

O FGC funciona como um "colchão" para reduzir os dados ao sistema financeiro. Se um banco falir, o segurador assume o ressarcimento integral para todas as pessoas que tenham até R$ 250 mil em valores a receber daquela instituição.

O receio em relação a uma eventual falência do Master vem sendo ventilado no mercado há tempos, justamente porque hoje representa uma parcela importante da liquidez total do segurador Se o banco fechar as portas, o FGC precisaria comprometer boa parte dos atuais R$ 121 bilhões de reserva para honrar os pagamentos.

O receio é que isso desencadeie uma reação em cadeia: investidores de outras instituições, ao perceberem os problemas, optariam por resgatar suas aplicações antecipadamente, espalhando a crise para players que até então não estavam envolvidos. É o que especialistas chamam de risco sistêmico.

 

 

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