Lula e Trump podem conversar por telefone sobre tarifaço antes de possível encontro na Malásia
Presidente brasileiro participará como convidado de cúpula da Asean
Autoridades brasileiras e americanas iniciaram conversas para preparar o encontro entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump. A expectativa é que a reunião ocorra à margem da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), prevista para o fim de outubro, na Malásia. Antes disso, porém, há a possibilidade de uma conversa telefônica entre os dois líderes.
Caso se confirme, a reunião será o primeiro compromisso bilateral de maior fôlego entre os dois presidentes desde a posse de Trump em seu novo mandato, em janeiro deste ano. Além disso, é a primeira sinalização do americano indicando uma disposição em negociar após o tarifaço imposto ao Brasil em julho, que impõe sobretaxa de 50% a setores estratégicos da economia brasileira.
Nos bastidores, porém, o caminho não é simples. Trump impôs condições para avançar nas negociações: quer discutir a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por tentativa de golpe de Estado. A posição de Lula, segundo assessores, é a de não ceder às pressões e restringir a agenda ao que considera essencial.
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O pano de fundo é a escalada recente das tensões diplomáticas. Em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU, Lula fez críticas severas às sanções unilaterais e ao uso da força como instrumento de política externa. Mesmo assim, em um breve cumprimento, abriu a porta para que Trump sinalizasse interesse em um diálogo mais estruturado. Se o encontro avançar, será o primeiro bilateral de fôlego entre os dois no novo mandato do republicano.
O Palácio do Planalto trabalha para que o encontro foque em temas bilaterais de peso, como minerais críticos, a instalação de data centers, projetos de energia renovável — especialmente etanol — e parcerias em tecnologia. Diplomatas avaliam que esses temas podem servir como terreno de convergência entre os dois governos, apesar das divergências políticas.
Em paralelo, a Casa Branca ensaia uma intervenção militar na Venezuela. Lula, no entanto, não deve tocar nesse ponto, preferindo evitar atritos diretos. Interlocutores do governo brasileiro avaliam que o foco da reunião deve permanecer restrito à agenda bilateral, em especial temas econômicos

