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Milei anuncia volta da Argentina ao mercado internacional da dívida

País negocia um empréstimo com bancos de cerca de 7 bilhões de dólares e deve enfrentar vencimentos em janeiro de mais de 4 bilhões de dólares

Javier Milei, presidente da Argentina. Javier Milei, presidente da Argentina.  - Foto: AFP

O governo do presidente Javier Milei anunciou nesta sexta-feira (5) o retorno da Argentina ao mercado internacional de dívida após mais de sete anos, por meio de um título em dólares.

O título de quatro anos terá uma taxa de juros de 6,5% e é o primeiro desse tipo desde 2018, indicou o ministro da Economia, Luis Caputo.

A Argentina negocia com bancos um empréstimo de cerca de 7 bilhões de dólares (37 bilhões de reais na cotação atual) e deve cobrir vencimentos de mais de 4 bilhões de dólares (21 bilhões de reais) previstos para janeiro.

"Voltamos aos mercados de capitais", celebrou o presidente ultraliberal Milei em uma mensagem no X.

"É um dado muito importante", destacou Caputo em conversa com o canal A24, ao indicar que isso facilitará o acúmulo de reservas, requisito do Fundo Monetário Internacional (FMI) pelo empréstimo concedido ao país.

"Tem sido difícil acumular [reservas] porque, enquanto os países tradicionalmente renovam suas dívidas, a Argentina, como não tem crédito, tem que pagá-la", disse o ministro.

Segundo um comunicado do Ministério da Economia, o resultado do leilão permitirá cancelar parcialmente um vencimento que seria no próximo dia 9 de janeiro. O do novo título está previsto para novembro de 2029.

O ex-ministro da Economia durante o governo de Mauricio Macri (2015-2019), Hernán Lacunza, elogiou a decisão.

"Parece-me um bom passo no caminho da normalização financeira", disse à AFP.

"É uma boa notícia, sobretudo porque vem em combinação com uma política fiscal responsável", concordou o economista Fausto Spotorno em declarações à AFP.

Por sua vez, o economista Martín Kalos, diretor da consultora Epyca, também elogiou a medida "que permite poder refinanciar a dívida e os vencimentos".

"Mas vale a pena esclarecer que ainda não saímos [para licitar] e será preciso ver se há ou não demanda internacional" por dívida argentina, ponderou ao destacar a adesão que o governo conseguir.

A medida teve um impacto imediato nos mercados financeiros. Os títulos argentinos em dólares reagiram em alta em Wall Street e a Bolsa de Buenos Aires subiu 2,21% no meio do pregão.

O risco-país também apresentou melhorias após o anúncio, com tendência de queda de 3%.

"Acumular" reservas 
A última emissão de dívida no mercado internacional por parte da Argentina havia sido em "janeiro de 2018", pontuou Caputo.

O novo título leiloado em 10 de dezembro será regido pela legislação local, terá pagamentos semestrais e o reembolso total do capital no vencimento, informou a Secretaria de Finanças.

"Este aporte não é para um nova dívida, mas para refinanciar uma dívida antiga. Assim, cada dólar que o Banco Central comprar agora poderá ser acumulado. Isso resolve esse debate sobre o acúmulo", disse Caputo.

O país também recebeu um auxílio financeiro do Tesouro dos Estados Unidos por meio de um swap de moedas de mais 20 bilhões de dólares para conter a pressão sobre o peso, um apoio que ajudou Milei a conquistar uma vitória nas eleições legislativas de outubro.

O país também obteve um auxílio financeiro do Tesouro dos Estados Unidos com um swap de moedas de mais 20 bilhões de dólares para conter uma corrida contra o peso, um respaldo que ajudou Milei a conquistar uma vitória nas legislativas de outubro.

O ministro Caputo afirmou que a nova emissão melhorará o perfil financeiro da Argentina e contribuirá para reduzir o risco-país.

"O risco-país caiu muito, mas pode cair mais", disse Caputo.


 

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