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BRASIL

Na população ocupada, pobreza é maior entre trabalhadores sem carteira e por conta própria

Em 2024, pobreza atingiu 20,4% dos trabalhadores sem carteira e 16% dos autônomos, contra apenas 6,7% entre empregados formalizados. Setor de serviços domésticos está entre os mais vulneráveis

Na população ocupada, pobreza é maior entre trabalhadores sem carteira e por conta própriaNa população ocupada, pobreza é maior entre trabalhadores sem carteira e por conta própria - Foto: Arquivo/Agência Brasil

A pobreza também alcança a população ocupada no Brasil e é mais frequente entre trabalhadores sem carteira assinada e os que atuam por conta própria. Em 2024, 20,4% dos ocupados sem registro formal e 16% dos autônomos viviam abaixo da linha de pobreza, com percentuais muito acima dos observados entre empregados com carteira assinada — entre esses últimos, apenas 6,7% estavam nessa condição.

Os números são da Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2025, divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira.

Segundo o estudo, os dados mostram que a pobreza ainda atinge uma parte das pessoas que estão trabalhando, devido aos salários mais baixos em certos tipos de emprego. Ao mesmo tempo, o levantamento indica que ter alguma renda vinda do trabalho ajuda a diminuir os níveis de pobreza e extrema pobreza entre quem está empregado, especialmente quando comparado a quem está desempregado ou fora da força de trabalho.

De acordo com as linhas de pobreza elaboradas pelo Banco Mundial, em 2024, menos de 0,6% das pessoas ocupadas estavam em extrema pobreza (renda diária inferior a US$ 2,15). Entre os desocupados, essa proporção saltou para 13,7%, e entre os que estavam fora da força de trabalho, para 5,6%.

Considerando a linha de pobreza de US$ 6,85 por dia (também do Banco Mundial), 11,9% dos ocupados eram pobres — porcentagem menor que a observada entre os desocupados (47,6%) e entre aqueles fora da força de trabalho (27,8%).

Trabalhadores domésticos são mais vulneráveis
A desigualdade também se manifesta entre diferentes setores da economia. Entre os trabalhadores da agropecuária, 29,3% eram pobres, enquanto nos serviços domésticos essa proporção foi de 22,9%. Em direção oposta, o setor de administração pública, educação, saúde e serviços sociais registrou o menor percentual, com 4,6%.

Quando se observa a distribuição dos trabalhadores pobres pelas principais atividades econômicas, os Serviços domésticos concentraram a maior parcela: 11,3% do total.

O estudo também mostra como a desigualdade brasileira se destaca no cenário internacional. Segundo levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2022 o Brasil apresentou a maior proporção de trabalhadores pobres entre os 40 países avaliados: 16,7%.

O país ficou à frente de Costa Rica (15,1%) e México (14,2%). Já nações como República Tcheca (3,6%), Bélgica (4,0%), Eslovênia (4,2%), Irlanda (4,4%) e Islândia (4,4%) registraram os menores percentuais. Estados Unidos, Espanha, Japão, Canadá e Itália também registraram índices superiores à média da OCDE, de 8,2%.

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