'Não era possível resolver tudo numa conversa', diz Lula sobre encontro com Trump
Os dois presidentes se mostraram otimistas sobre chegar a um acordo rapidamente. Mas Trump estava menos confiante ao deixar a Malásia rumo ao Japão: 'Vamos ver o que acontece', afirmou
É “óbvio” que não dava para resolver o impasse com os Estados Unidos em uma só conversa. Essa foi a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comentário do presidente dos EUA, Donald Trump, que manifestou dúvidas sobre um possível acordo com o Brasil. Ao deixar a Malásia, onde se encontrou com Lula no domingo, Trump disse “veremos o que acontece” ao ser perguntado sobre a negociação com o Brasil.
— Primeiro eu interpreto como óbvio. Não era possível, nem vocês acreditavam, que numa única conversa a gente pudesse resolver os problemas — disse Lula em Kuala Lumpur antes de ir ao jantar de gala da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean, na sigla em inglês). — O que nós estabelecemos é uma regra de negociação, e, toda vez que tiver uma dificuldade, eu vou conversar pessoalmente com ele. Ele tem o meu telefone, eu tenho o telefone dele, nós vamos colocar as equipes para negociar.
Lula e Trump tiveram o primeiro encontro formal no domingo, no qual orientaram seus assessores a negociar um acordo para encerrar o impasse criado pelo tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, imposto em julho pela Casa Branca.
No encontro de domingo, os dois presidentes se mostraram otimistas sobre a chegada a um acordo rapidamente. Mas Trump estava menos confiante ao ser perguntado sobre a possibilidade de um acordo no avião presidencial na viagem da Malásia para o Japão.
O presidente americano não deu certeza, mas fez elogios a Lula e deu parabéns ao presidente brasileiro pelo seu aniversário de 80 anos, comemorado nesta segunda-feira.
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— Não sei se algo vai acontecer, vamos ver. Eles gostariam de fechar um acordo. Vamos ver, agora eles estão pagando, acho que 50% de tarifa. Mas tivemos uma ótima reunião. Quero desejar feliz aniversário ao presidente, ok? Hoje é o aniversário dele. Ele é um cara muito vigoroso, na verdade, e foi muito impressionante. Mas hoje é o aniversário dele, então feliz aniversário.
Lula confirmou que pretende enviar para a negociação com os EUA uma equipe “de alto nível”, que deve ser formada pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio, também vice-presidente da República).
Além da suspensão das tarifas, Lula reiterou que a prioridade é negociar o fim das sanções impostas pelos EUA contra autoridades brasileiras, entre elas o ministro do Supremo Alexandre de Moraes e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O tarifaço e as sanções foram baseadas “numa mentira”, disse Lula, que entregou um documento em inglês a Trump com dados que diz refutar os argumentos dos EUA para aplicar o tarifaço.
— É importante vocês saberem, eu entreguei para ele um documento das coisas que eu queria conversar com ele, portanto não foram apenas palavras. Ele tem um documento sabendo o que o Brasil quer e eu acho que nós vamos fazer um bom acordo — disse Lula, que foi ao jantar de gala vestido uma camisa colorida tradicional da Malásia que ganhou de presente do governo do país.

