O momento certo de investir na ampliação do negócio: a grande dúvida dos empreendedores
Saiba o que é preciso levar em conta quando pensar em aumentar a produção para ganhar mais consumidores ou entrar em novos mercados
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Uma das principais preocupações que martelam o juízo de qualquer empresário é saber o momento ideal para expandir o negócio. Seja qual for o segmento, a modalidade e o porte da empresa, a estagnação está fora de qualquer planejamento. Mas qual o momento ideal conquistar novos consumidores ou ganhar novos mercados? Não há uma fórmula padronizada para isso, mas algumas informações são imprescindíveis para a tomada de decisão quando o intuito é o crescimento organizacional.
Um sinal de que é hora de ampliar o negócio é quando se alcança estabilidade nas finanças. É imprescindível que a empresa esteja em boa performance financeira, obtendo os lucros esperados e superando metas cada vez maiores. Não se pode, ainda, negligenciar o cenário econômico.
Sabe-se que problemas na economia atingem stakeholders, como instituições financeiras e fornecedores, além dos consumidores finais, comprometendo o poder aquisitivo destes. Se o cenário econômico é favorável, é hora de estudar a viabilidade de expansão.
Quando a decisão é tomada, ir em busca de parcerias pode ser um bom caminho. Empresas que tenham sinergia com o seu negócio na área de produção, divulgação ou distribuição, por exemplo, podem ser bem-vindas, desde que nessa união ambas saiam ganhando.
Na maioria dos casos, se a expansão que se almeja não for física – abertura de um e-commerce, por exemplo –, os investimentos vão ser menores, porque não serão preciso novos canais de distribuição (no caso de produtos), mantendo-se inicialmente a mesma estrutura interna.
Relações
Juliano Dias, CEO da Meetz, startup brasileira que oferece soluções de prospecção e de sales engagement de ponta a ponta para negócios B2B, estima que mais de 3 milhões de organizações no país têm a capacidade de construir novas relações com outras no intuito de expandir seus negócios.

Para o executivo, não existe uma fórmula certa para saber o momento de buscar novas oportunidades e expandir o negócio, mas ele dá uma pista. “É comum que empreendedores tenham receio de investir na ampliação de seus negócios no momento errado. No entanto, a manutenção de network com pessoas influentes e clientes de interesse pode ser o primeiro passo para uma expansão mais segura”, explica.
Segundo Juliano, a busca proativa pelo aumento da carteira de clientes não precisa ser vista como um plano de expansão imediato. “Não estou falando da necessidade de novos clientes para a sobrevivência da empresa. Estou avaliando um projeto saudável, capaz de se sustentar com a estrutura e consumidores que possui. Nesses casos, o contato com organizações fora do seu círculo de relações pode ajudar, inclusive, na produção de novas soluções”, ensina.
Construir laços com possíveis clientes é, de acordo com Juliano, o primeiro passo para quem deseja ampliar o negócio. Contudo, acrescenta, nesses casos, é necessário a organização de um time comercial. Hoje, já existem no mercado empresas especializadas em prospecções, que são capazes de realizar conexões entre possíveis parceiros de acordo com sua base de dados.
“Montar um time comercial demanda tempo e investimentos. Isso porque será necessário estruturar um novo departamento, contratar e treinar pessoas e, o mais importante, buscar no mercado possíveis clientes que façam sentido para o seu negócio”, aconselha.
Já quando se terceiriza com uma empresa especializada em prospecção, diz ele, a equipe de especialistas já está pronta e, no geral, o tempo de maturação até a apresentação de resultados é mais rápido.
Capital
Saber que tipo de expansão se quer do ponto de vista geográfico (localmente, para outras cidades, estados ou países) e ter capital para aumentar a produção ou ampliar os serviços são informação também da maior importância.
Deve-se, ainda, pesquisar a possibilidade de inserir novos produtos e/ou serviços no portfólio, pois cada vez mais a diversificação é fundamental. É preciso, no entanto, analisar previamente e com cuidado o mercado e os hábitos do seu consumidor.
Para isso, o empreendedor tem que estar atualizado acerca do segmento em que atua. Como resultado, ele é capaz de identificar o momento certo de expandir o negócio. A ideia, seguindo as leis do marketing, é suprir uma necessidade não atendida do mercado em que a empresa atua.
Crescimento
O diretor e fundador da Alumínio Circular, fábrica recifense de formas para o setor confeiteiro e de panificação, Layon Gomes da Silva, distribui seus produtos para a Região Nordeste, mas este ano achou que ganhar novos mercados seria a saída para ver sua empresa crescer.
A oportunidade que ele encontrou para chegar a potenciais clientes empresariais de todo o Brasil e poder apresentar seus produtos foi participar em maio, como expositor, em São Paulo, da feira Celebra Show, principal feira de negócios business to business (B2B) voltada para os segmentos de Natal, eventos sociais, festas, confeitaria etc. da América Latina.
Com essa medida, o empresário conseguiu entrar em contato com compradores que ele não conseguiria alcançar usando apenas a equipe de vendas. A feira foi o caminho das pedras para ele não só pela quantidade de interessados em comprar os produtos para revendê-los, mas também porque a empresa de Layon não tinha concorrentes diretos no evento.
A Alumínio Circular, que fica no bairro de Areias, Zona Oeste do Recife, tem oito anos de atividades e começou com apenas dois funcionários. Hoje, emprega 35 pessoas e tem um faturamento médio mensal de R$ 500 mil. O portfólio conta com 500 itens, e a produção mensal é de cerca de 50 mil peças. Com a participação na feira, a expectativa de Layon é de, com os contatos realizados, conseguir aumentar o faturamento para R$ 700 mil já nos próximos meses.
“Os contatos realizados na feira são muito fortes. Eram empresários que tinham redes grandes de lojas. Então, quando essas pessoas compram à gente, não é só para uma loja, é para a rede inteira com, por exemplo, cinco a dez estabelecimentos”, revelou Layon.
O empresário destaca que vai ter que aumentar equipe de vendas para o teleatendimento, e assim conseguir dar uma resposta mais rápida aos clientes. A equipe comercial da é composta por dois profissionais e vai ganhar mais dois.
Além da feira, a Alumínio Circular fechou contrato com uma influencer digital do Sul do país, que atua na área de confeitaria, com mais de 150 mil seguidores. “A influencer tem muitos contatos com lojistas do Sul e Sudeste, regiões de grande interesse para gente. Ela também coordena uma equipe de professoras que dão cursos de confeitaria dentro de lojas. Essa é uma ponte bacana para a gente chegar aos lojistas”, acrescenta Layon.