Primeiro-ministro da China diz que país está preparado para combater os aumentos de tarifas de Trump
Li Qiang, em conversa pelo telefone com a presidente da Comissão Europeia, Pequim está bastante confiante em manter o crescimento econômico saudável e sustentável do país
O premiê chinês, Li Qiang, afirmou que seu país possui diversas ferramentas políticas para "compensar totalmente" qualquer choque externo negativo e reiterou seu otimismo quanto ao crescimento da segunda maior economia do mundo em 2025, apesar da mais recente ameaça de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
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Durante uma ligação com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, nesta terça-feira, Li disse que as políticas macroeconômicas da China neste ano levaram em conta plenamente diversas incertezas, de acordo com um comunicado oficial.
Pequim está bastante confiante em manter o crescimento econômico saudável e sustentável do país, acrescentou Li — o número dois da China, depois do presidente Xi Jinping.
A ligação China- União Europeia ocorreu horas antes de ambas as economias serem atingidas pelas chamadas tarifas recíprocas de Trump. Enquanto a Europa enfrenta uma taxa adicional de 20%, a China está sujeita a um imposto adicional maciço totalizando 104%, que entrará em vigor às 00h01 do dia 9 de abril.
Um oficial dos Estados Unidos disse à Bloomberg nesta terça-feira que a administração está, de fato, avançando com esse plano de mais que dobrar as tarifas.
Li criticou a ação punitiva sobre todos os parceiros comerciais americanos como um exemplo típico de unilateralismo, protecionismo e coerção econômica.
Ele acrescentou que a resposta firme da China não é apenas para salvaguardar seus próprios interesses, mas também para defender as regras do comércio internacional.
“O protecionismo não leva a lugar nenhum — abertura e cooperação são o caminho certo para todos”, disse Li a Von der Leyen.
Proibição de Hollywood?
O premiê chinês também pediu à União Europeia que fortaleça a comunicação com Pequim e expanda a abertura mútua, acrescentando que ambos os lados devem impulsionar uma nova rodada de diálogo de alto nível sobre cooperação estratégica e comércio, bem como sobre desenvolvimentos verdes e digitais o mais rápido possível.
O governo de Xi prometeu retaliar contra as tarifas "recíprocas" de Washington.
Como exemplo da resposta potencial, dois influentes blogueiros chineses publicaram na terça-feira um conjunto idêntico de medidas que as autoridades estão considerando para retaliar os EUA, incluindo tarifas sobre produtos agrícolas americanos e uma proibição de filmes de Hollywood.
Em Washington, Trump afirmou que “a China também quer fazer um acordo, com urgência”, e disse que está esperando a ligação de Pequim.
Mais tarde, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse em uma coletiva que o presidente "será cordial" caso a liderança da China entre em contato.
O impacto dos aumentos de tarifas dos EUA diminui a cada escalonamento, de acordo com uma análise dos economistas do Goldman Sachs.
Enquanto um imposto inicial de 50% reduz o PIB da China em 1,5 ponto percentual, um aumento adicional de 50% reduz em apenas 0,9 ponto percentual, escreveram os economistas do banco, incluindo Andrew Tilton e Hui Shan, em uma nota.

