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Paralisação

"Sem contrato, sem café": centenas de funcionários do Starbucks nos EUA fazem greve

Paralisação acontece em 200 cidades do país e é considerada pelo sindicato como a maior da história da empresa até agora

Paralisação de funcionários do Starbucks ocorreu em mais de 200 cidades dos Estados UnidosParalisação de funcionários do Starbucks ocorreu em mais de 200 cidades dos Estados Unidos - Foto: Saul Loeb/AFP

Funcionários do Starbucks entraram em greve nesta quinta-feira (16) alegando que a rede se recusa a negociar de forma justa com seu sindicato. Essa é uma das várias táticas que o sindicato adotou para fazer com que a empresa mudasse o seu comportamento.

A Workers United, afiliada do Service Employees International Union, disse que funcionários de centenas de cafés aderiram a greve.

A paralisação desta quinta-feira ocorreu em mais de 200 cidades dos Estados Unidos e é a maior até o momento, de acordo com o sindicato. Empregados de vários cafés não sindicalizados em todo o país lançaram uma greve surpresa e planejam fazer uma petição em breve para se organizarem, segundo o Workers United.

O movimento não tem nada a ver com a crise da rede no Brasil, onde a detentora dos direitos da marca entrou na Justiça com pedido de recuperação judicial. A greve nos EUA é uma repetição do ano passado, quando os baristas cruzaram os braços em 113 cafés também no Red Cup Day (dia do Copo Vermelho), dia em que o Starbucks distribui copos reutilizáveis com tema natalino.

Sem trabalhadores suficientes
Em uma loja da Starbucks no Astor Place, em Nova York, nove em cada dez funcionários programados para trabalhar não compareceram aos seus turnos, informou o Starbucks à Workers United. Por volta das 9h20, uma dúzia de pessoas, incluindo trabalhadores, marchavam para fora com cartazes que diziam “Sem contrato, sem café”.

A loja tinha cerca de oito funcionários em seu interior e por volta de 30 clientes esperando por bebidas. Os baristas que trabalhavam no local eram em sua maioria gerentes, segundo o sindicato. Um sindicalista disse a vários clientes que entravam na loja que estavam atravessando uma linha de piquete ao entrar no café.

Edwin Palma Solis, um barista de 24 anos que trabalha no Astor Place há dois anos, disse que o Starbucks remarcou repetidamente as sessões de negociação com o sindicato. Ele acrescentou que a loja não tem trabalhadores suficientes.

— Normalmente não temos muitos funcionários — disse ele — Isso é algo que enfrentamos todos os dias.

Um cliente, Shanee Samuels, decidiu não retirar um pedido móvel depois de ver os trabalhadores em greve. Ele disse que planeja ligar para a empresa para obter um reembolso.

— Eu apoio os trabalhadores sindicalizados — disse Samuels.

Procurada, a Starbucks disse que tem quase 10 mil lojas abertas. “Há também algumas dezenas de lojas com alguns parceiros em greve, e mais da metade dessas lojas estão abertas esta manhã atendendo clientes”, disse a empresa por e-mail.

Táticas anti-sindicais
Quase dois anos se passaram desde que o Workers United obteve sua primeira vitória histórica em um café Starbucks em Buffalo, em Nova York. Desde então, mais de 350 das nove mil unidades da rede administradas por empresas nos EUA, em mais de 40 estados, votaram pela adesão ao sindicato.

Mas nenhuma das localidades chegou perto de garantir um contrato sindical com a empresa e o ritmo de crescimento do sindicato diminuiu drasticamente.

Os diretores regionais do Conselho Nacional de Relações Laborais dos EUA emitiram mais de 100 queixas contra a empresa, alegando táticas ilegais anti-sindicais, incluindo o encerramento de lojas, o desligamento de ativistas e a recusa de negociações justas em cafés sindicalizados.

A Starbucks negou qualquer irregularidade e disse que é o sindicato quem se recusa a negociar de boa fé. A empresa acrescentou que esta semana espera que as “prioridades do sindicato mudem para incluir o sucesso partilhado dos nossos parceiros e o trabalho para negociar contratos sindicais para aqueles que representam”.

Como parte da greve, os trabalhadores estão exigindo que o Starbucks desative os pedidos móveis em dias de promoção no futuro, o que, segundo eles, a empresa está programando com frequência cada vez maior. Os trabalhadores dizem que as encomendas móveis, que são uma parte fundamental da estratégia de crescimento da empresa, acrescentam complexidade a uma carga de trabalho já sobrecarregada no meio de um conjunto impressionante de opções .

O Starbucks anunciou aumentos salariais para baristas e está modernizando suas cozinhas para agilizar o preparo de bebidas.

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